Por Marianne Paim e Jesse Cohen
Investing.com - Agentes econômicos do mundo todo estão atentos à fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, a partir das 11h (horário de Brasília) no Simpósio de Jackson Hole, no estado do Wyoming. Powell pode endurecer sua mensagem quando os principais banqueiros centrais do mundo se reunirem no Simpósio Econômico de Jackson Hole nesta sexta-feira (25). Assista ao vivo no link abaixo.
De acordo com o analista do Investing.com, Jesse Cohen, o presidente do Fed vai adotar um tom mais duro e indicar que serão necessários mais aumentos de juros para conter a alta dos preços. Além disso, ele acredita que o chefe do BC americano vai usar sua fala principal para sinalizar que os juros ficarão elevados por um longo período e para descartar a possibilidade de reduções nas taxas.
Outros analistas também acreditam que uma forte inclinação conciliatória por parte de Powell é improvável e esperam que ele mantenha a porta aberta para um maior aperto para conter a inflação. “Ele provavelmente não dirá que a batalha contra a inflação acabou (e) que estamos encerrando o período restritivo de aperto. Provavelmente continurá a dizer que eles vão manter o monitoramento do dados mês a mês”, disse Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Spartan Capital Securities.
De acordo com especialistas do Piper Sandler, a volatilidade de mercado em um dia de negociação durante o evento de Jackson Hole não costuma ser maior do que outras sessões regulares, com base em dados históricos.
Eles não descartam que Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, possa fazer declarações que afetem o mercado em 25 de agosto durante o evento, mas a chance de uma grande perturbação no mercado parece ser baixa.
“O presidente [do Fed] pode destacar que o fim dos aumentos de juros, quando acontecer, não significará o fim da política monetária restritiva. Sim, já sabemos disso. Mesmo após a indicação de cortes de 100 pontos-base para 2024, conforme a projeção de junho, a mediana mais recente de 4,625% para aquele ano permanece bem acima da projeção de 2,5% para o ‘longo prazo’ (aproximadamente o neutro nominal)”, escreveram os analistas do banco.
“No entanto, especialmente considerando que o chamado ‘r-estrela’ não é um guia tão confiável, há um certo risco de que esse esclarecimento sobre a trajetória após os aumentos de juros possa ser erroneamente interpretado como ‘dovish’ [flexível], como se representasse algum tipo de ‘mudança de rumo’.”
Economia forte
Powell vai fazer seu discurso em Jackson Hole depois de um conjunto robusto de dados econômicos que mostraram que o consumo continuou forte em julho, com as vendas no varejo registrando o maior aumento mensal desde fevereiro. Há um ano, muitos no mercado estavam convencidos de que a economia dos EUA estava entrando em uma recessão profunda e grave, à medida que o Fed iniciava seu histórico ciclo de aperto para combater a inflação.
O fato é que a economia do país se saiu muito melhor do que o esperado, levando vários membros do FOMC, órgão responsável pela política monetária americana, a revisar suas projeções de uma desaceleração iminente. “A equipe não via mais a economia entrando em uma leve recessão no final do ano”, revelaram as atas da reunião do Fed em 25-26 de julho.
Não só a economia não está perdendo força, como está mostrando sinais de aceleração. Um indicador de crescimento do PIB do Fed de Atlanta estima o crescimento do produto para o trimestre de julho a setembro em impressionantes 5,8%, refletindo o forte impulso contínuo do consumo e um surpreendente aumento na produção industrial e na construção de imóveis residenciais.
Reaceleração da inflação
No geral, embora a trajetória do IPC tenha sido de queda, os dados mais recentes elevam o risco de um novo salto na inflação, que já está crescendo mais rápido do que o Fed consideraria compatível com sua meta de 2%.
Os preços ao consumidor subiram 3,2% em julho, marcando a primeira vez em 13 meses que a taxa anual do IPC acelerou em relação ao mês anterior. Isso sucedeu um avanço de 3,0% em junho.
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