Bitcoin avança acima de R$ 121 mil com expectativa de corte de juros nos EUA
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - A probabilidade de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro é agora vista como próxima de 100% depois que novos dados mostraram que a inflação dos Estados Unidos aumentou em um ritmo moderado em julho e que o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que achava possível um corte de meio ponto percentual dados os números fracos de emprego.
Nesta quarta-feira, operadores de juros futuros colocavam as chances de um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Fed de 16 e 17 de setembro em 99,9%, de acordo com estimativas calculadas pela ferramenta FedWatch do CME Group, após a divulgação dos dados do índice de preços ao consumidor de julho na terça-feira e aos comentários posteriores de Bessent, observando que o Fed usou os temores de um enfraquecimento do mercado de trabalho como justificativa para um corte maior em setembro passado.
Trump criticou o corte do ano passado, o primeiro de três que ocorreram antes e depois de sua eleição, por considerá-lo politicamente motivado dada a proximidade da votação presidencial de novembro.
Bessent fundamentou seu argumento nas recentes revisões do Escritório de Estatísticas do Trabalho, que mostraram que o crescimento do emprego desacelerou em maio, junho e julho, em contraste com as estimativas iniciais para maio e junho que indicavam um crescimento mais forte do emprego.
As autoridades do Fed se basearam nesses números mais fortes para argumentar que o mercado de trabalho continuava em boa forma e para manter os juros nas reuniões de junho e julho.
"Se tivéssemos visto esses números em maio, em junho, suspeito que poderíamos ter tido cortes nos juros em junho e julho. Portanto, isso me diz que há uma chance muito boa de um corte de 50 pontos-base" em setembro, disse Bessent em uma entrevista à Bloomberg.
"Os juros estão muito restritivos... Provavelmente, deveríamos estar 150 a 175 pontos-base mais baixo", disse Bessent.
Bessent pediu os cortes na taxa de juros no momento em que o governo avança na busca por um substituto para o chair do Fed, Jerome Powell, com a lista de possíveis candidatos agora aumentando para 11, muito maior do que a pequena lista de três que Trump disse estar avaliando há apenas alguns dias.
A lista ampliada, confirmada por um funcionário da Casa Branca, inclui agora os dois vice-chairs do Fed, Philip Jefferson e a vice-chair de supervisão Michelle Bowman. Inclui ainda o atual diretor Christopher Waller; a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan; e o principal assessor econômico de Trump, Kevin Hassett, além de vários nomes do setor privado.
Não está presente o atual presidente do Conselho de Assessores Econômicos, Stephen Miran, indicado para ocupar uma vaga na diretoria do Fed cujo mandato termina em janeiro. Bessent disse em seus comentários à Bloomberg que, mesmo se confirmado pelo Senado, ele não espera que Miran permaneça no Fed além desse período.
A vaga que Miran está preenchendo poderia ser necessária para abrir espaço para a escolha de Trump para substituir Powell, cujo mandato como chair termina em maio.
Os cortes nos juros sugeridos por Bessent ficam muito aquém do pedido de Trump para que a taxa referencial seja reduzida para 1%, mas a levaria da atual faixa de 4,25% a 4,5% para cerca de 3% - aproximadamente o que as autoridades do Fed consideram ser uma postura "neutra" que não impulsiona nem restringe a economia.
Isso sugere um nível de conforto com a trajetória esperada da inflação em direção à meta de 2% do Fed e a capacidade da economia de manter aproximadamente o pleno emprego.
As autoridades do Fed têm relutado em declarar que sua batalha contra a inflação foi vencida, com os preços subindo mais rápido do que sua meta e com a expectativa de que ganhem ritmo, pelo menos temporariamente, nos próximos meses devido ao impacto das tarifas do governo Trump.
(Reportagem de Howard Schneider)