Por Michael Georgy
CAIRO (Reuters) - Uma bomba explodiu neste sábado em frente ao consulado italiano no Cairo, matando uma pessoa e aumentando a possibilidade de militantes islâmicos iniciarem uma campanha contra estrangeiros no Egito.
Uma autoridade disse à Reuters que a explosão foi causada por um carro-bomba. Uma fonte de segurança contou à agência de notícias estatal Mena que investigações preliminares apontam que a bomba foi colocada sob um carro perto do consulado. Ela teria sido acionada à distância.
Até agora, nenhum grupo assumiu a autoria do ataque, que danificou seriamente o consulado. A explosão foi sentida em outros prédios no centro da cidade, e ouvida em vários bairros vizinhos.
Um porta-voz do Ministério da Saúde disse que um civil egípcio morreu e dez ficaram feridos. A Mena informou que dois policiais estão entre os feridos.
O ministro das Relações Exteriores da Itália, Paolo Gentiloni, anunciou que a explosão não feriu italianos.
"A Itália não será intimidada", disse ele no Twitter.
O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, afirmou que a militância é uma ameaça existencial ao Egito, a outros países árabes e ao Ocidente.
Com uma das maiores campanhas de repressão da história do país, o governo conseguiu enfraquecer a Irmandade Muçulmana, acusada de realizar uma série de pequenos ataques a bomba, mas que alega ser um movimento pacífico.
Enquanto isso, o braço do Estado Islâmico no Egito, que tem sede na Península do Sinai, também ameaça. O grupo já matou centenas de soldados e policiais desde que o Exército depôs o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade, após protestos em 2013.
VIOLÊNCIA
O Egito tem sido palco de um recrudescimento da violência contra alvos turísticos. Um dos atos foi um ataque suicida contra um templo em Luxor, no mês passado.
O início de ataques a alvos ocidentais pode significar uma piora na situação egípcia, que é uma nação relativamente estável em meio a muitos conflitos surgidos desde o início da Primavera Árabe.
A violência e a instabilidade política causadas pela revolta que derrubou Hosni Mubarak em 2011 fragilizaram o turismo e a economia do país. Há duas semanas, um carro-bomba matou o principal promotor público da nação, e militantes filiados ao Estado Islâmico atacaram muitos pontos militares no norte do Sinai. Segundo o Exército, 17 soldados e mais de 100 militantes morreram em tais confrontos.
Países ocidentais esperam que Sisi consiga manter a estabilidade no país mais populoso do mundo árabe, mas as operações no Sinai não tiveram sucesso no objetivo de derrotar os militantes.
O Egito também está preocupado com os militantes que estão se aproveitando do caos na vizinha Líbia, onde Sisi já ordenou ataques aéreos contra alvos do Estado Islâmico.
(Reportagem adicional de Ahmed Tolba, Mahmoud Mourad, Ahmed Aboulenein, e Crispian Balmer em Roma)