SÃO PAULO (Reuters) - Economistas de instituições financeiras pioraram suas estimativas econômicas para este ano e o próximo após o governo reduzir as metas de superávit primário até 2017, ao mesmo tempo que cravaram a aposta de que a taxa básica de juros será elevada em 0,50 ponto percentual na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom).
A pesquisa Focus do Banco Central mostrou ainda que a perspectiva para o fim do ano da Selic --atualmente em 13,75 por cento-- caiu a 14,25 por cento, ante 14,50 por cento anteriormente.
Sobre o final de 2016 não houve mudanças na expectativa de que a taxa básica de juros ficará em 12,00 por cento.
Na semana passada, o governo reduziu a meta para a economia feita para o pagamento de juros da dívida pública em 2015 para 8,747 bilhões de reais, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Também anunciou redução da meta fiscal de 2016 e 2017 para, respectivamente, 0,7 e 1,3 por cento do PIB.
Analistas consideraram que a política fiscal menos contracionista deve dificultar a missão do BC de trazer a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento até o fim de 2016.
Na sexta-feira, o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, afirmou ser primordial que a autoridade monetária continue vigilante diante de novos riscos à convergência da inflação ao centro da meta. Isso levou o mercado futuro de juros a passar a mostrar chances majoritárias de alta de 0,50 ponto nesta semana.
Já a estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano no Focus passou para uma contração de 1,76 por cento, contra queda de 1,70 por cento na pesquisa anterior. Para 2016, a expectativa de crescimento caiu em 0,13 ponto percentual, a 0,20 por cento.
Os especialistas consultados no Focus mantiveram em 37 por cento do PIB a projeção para a dívida líquida do setor público, mas para 2016 a expectativa subiu a 38,50 por cento contra 38,35 por cento.
Em relação ao cenário de inflação, os especialistas consultados elevaram a projeção para 2015 em 0,08 ponto percentual, a 9,23 por cento, na 15ª semana seguida de piora. Para o final do próximo ano a estimativa para a alta do IPCA permaneceu em 5,40 por cento.
Em julho, a prévia da inflação oficial brasileira desacelerou a 0,59 por cento, mas em 12 meses o IPCA-15 ultrapassou 9 por cento pela primeira vez em 11 anos e meio, chegando a 9,25 por cento.
(Por Camila Moreira)