Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O vice Michel Temer deve enfrentar uma fase de teste quando assumir interinamente a Presidência da República, caso o Senado decida afastar temporariamente a presidente Dilma Rousseff, e a maioria dos integrantes da Câmara dos Deputados sinaliza que não irá atrapalhar seus esforços deixando de lado medidas que impliquem em aumento de gastos.
Segundo uma liderança de um dos partidos do chamado centrão (PP, PR, PSD e PRB), as chamadas pautas-bomba, que tanto atormentaram a presidente Dilma e demonstraram, ainda no início desse mandato, a volatilidade de sua base e a fragilidade da articulação do governo, não deve voltar à baila no "test drive" de Temer.
“Não tem nenhuma chance (de a Câmara aprovar pautas-bomba)”, disse o parlamentar, que prefere o anonimato, explicando que as medidas com impacto nos gastos foram aprovados anteriormente por conta dos problemas que o Planalto enfrentava na sua relação com aliados.
“A Dilma fazia de conta que resolvia (as demandas de aliados) e a base fazia de conta que era base”, resumiu.
Esse partido, que, diz o parlamentar, não faz questão de ampliar o espaço que já ocupava na Esplanada de Dilma Rousseff, também não quer ver essa participação reduzida.
A liderança prevê o apoio a medidas para sanear a economia, mas não acredita que Temer terá vida fácil para conciliar os tratos firmados nas negociações que travou até o momento.
Passada a primeira leva de definições da equipe palaciana, formada principalmente por peemedebistas próximos a Temer, e do time que cuidará da economia, o provável presidente interino terá de se debruçar para resolver o restante do ministério.
Terá de levar em conta para montar sua equipe a pasta demandada, o partido interessado, o perfil dos nomes oferecidos e avaliar quantos votos cada eventual nomeação pode gerar no Congresso. Além desse xadrez complicado, que já era um desafio no governo Dilma, Temer terá que cuidar a cada escolha da imagem a ser passada para uma já desconfiada sociedade.
A fórmula também é influenciada por uma outra variável, avalia a liderança: o vice centrou os esforços de negociação na Câmara. Mas agora que o pedido de impeachment está no Senado, precisará encaixar as demandas dos senadores, de quem precisa no momento atual e até que Dilma seja finalmente julgada pelo crime de responsabilidade pela Casa.