OAK BROOK, EUA, 26 Mai (Reuters) - Operadores de restaurantes nos Estados Unidos provavelmente não iriam substituir funcionários por robôs mesmo se tivessem que pagar o salário de 15 dólares por hora exigido por manifestantes, disse Steve Easterbrook, executivo-chefe do McDonald's, a acionistas na reunião anual da empresa nesta quinta-feira.
Do lado de fora da sede do McDonald's, onde ocorria a reunião, em Oak Brook, em Illinois, cerca de mil trabalhadores da indústria de fast-food e seus simpatizantes pediam maiores salários e benefícios. Os manifestantes são parte de um movimento nacional, o "Fight for $15" (lute por 15 dólares, em tradução literal), que, junto com melhorias no mercado de trabalho, tem impulsionado aumentos de salários por grandes empregadores como a Wal-Mart e o McDonald's, mas não no nível exigido pelos manifestantes.
Antigos e atuais executivos da indústria de fast-food já disseram que 15 dólares por hora forçaria restaurantes a substituir funcionários por empacotadores de batata robotizados, máquinas de virar panquecas e outras tecnologias.
"Eu não vejo isso como um risco de eliminação de postos de trabalho", afirmou Easterbrook quando perguntado sobre a relação entre salário e robôs. "No final das contas, nós estamos no setor de serviços. Vamos sempre ter um importante elemento humano."
Easterbrok citou um melhor serviço ao consumidor como uma razão chave para a recente reviravolta do McDonald's. Salários maiores e avanços tecnológicos devem resultar provavelmente em mais funcionários sendo transferidos para o salão com mesas e mais funções orientadas para o serviço, declarou ele.
No verão passado (inverno no Hemisfério Sul), a empresa aumentou o salário médio para quase 10 dólares a hora. No entanto, esse aumento foi limitado a apenas uma fração de todos os funcionários dos restaurantes, porque franquias operam quase 90 por cento da rede de 14 mil lanchonetes nos EUA.
Os manifestantes, que também querem o direto de se sindicalizar, pediram a Easterbrook uma participação nos lucros para os funcionários, e não somente para executivos e acionistas.
Os manifestantes têm feitos protestos durante as reuniões anuais da empresa por anos. Nesta semana, as ações deles levaram o McDonald's a temporariamente fechar a sua sede pelo terceiro ano seguido.
"Isso significa responsabilizar o McDonald's por manter trabalhadores na pobreza", disse Naquasia LeGrand, 24 anos, que viajou 15 horas de ônibus da Carolina do Norte para a manifestação. Ela ganha 8,15 dólares por hora.
O McDonald’s diz que não pode dizer às franquias como pagar os seus empregados. O tema é objeto de uma investigação da Comissão Nacional de Relações de Trabalho.
(Por Justin Madden e Lisa Baertlein. Reportagem adicional de Lisa Baertlein, em Los Angeles)