BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal anunciou nesta quarta-feira que vai isentar de taxas a importação de feijão produzido na China e no México, como parte de medidas para diminuir o preço do alimento, cuja alta recente vem impactando fortemente a inflação.
Esses países, assim como nações integrantes do Mercosul, cujas importações já são isentas de taxas, teriam condições de ajudar o Brasil a lidar com uma escassez decorrente de quebra de safra por problemas climáticos, disse o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
Segundo ele, o governo encaminhará nesta semana pedido à Câmara de Comércio Exterior (Camex) para a isenção da tarifa para importações de México e China.
O ministro disse ainda que o anúncio da medida deverá ajudar a amenizar a alta de preços, uma vez que os agentes do setor vão trabalhar com a expectativa de um aumento da oferta.
Ele afirmou ainda que espera que em no máximo 90 dias o abastecimento do feijão no mercado interno deva estar restabelecido.
O ministro disse também que outra medida que está sendo tomada é a negociação, com grandes redes de supermercados, para que busquem o produto onde há maior oferta.
O preço do feijão-carioca seguiu mostrando força em junho, segundo o IPCA-15, com alta de 16,38 por cento sobre o mês anterior, brecando desaceleração mais intensa de alimentos e bebidas, que subiram 0,35 por cento neste mês, sobre 1,03 por cento em maio.
No acumulado em 12 meses até maio, os preços do feijão-carioca já haviam subido quase 42 por cento.
O clima adverso no país tem provocado repiques na inflação de alimentos, afetando também produtos como soja e milho. O movimento ameaça o início do afrouxamento da taxa básica de juros pelo Banco Central, que vem reafirmando que só cortará a Selic --em 14,25 por cento ao ano desde julho passado-- quando enxergar arrefecimento suficiente na alta de preços domésticos.
(Por Marcela Ayres e Lisandra Paraguassu; Reportagem adicional de Roberto Samora, em São Paulo)