Lima, 6 jun (EFE).- A eleição do nacionalista Ollanta Humala como presidente do Peru derrubou nesta segunda-feira a Bolsa de Valores de Lima, com uma queda de 12,45%, pela incerteza sobre a sua política econômica, enquanto crescem os pedidos de diversos setores para que dê sinais de confiança ao mercado.
Com 90,5% dos votos do segundo turno das eleições presidenciais deste domingo apurados, Humala, candidato pela coligação Gana Perú, conseguiu 51,36%, enquanto que sua adversária, Keiko Fujimori, de Fuerza 2011, obteve 48,63%.
Keiko reconheceu a vitória de Humala e afirmou que é o momento de "começar um diálogo" para assegurar a governabilidade do Peru.
Apesar da queda da bolsa, o presidente eleito ainda não deu nenhuma indicação sobre qual será sua equipe econômica, além do Governo "de concertação e larga base" que prometeu no domingo.
O pregão da Bolsa de Valores de Lima teve que ser suspenso por mais de duas horas, depois de cair mais de 8% no início da jornada, mas, ao retomar as operações, a queda foi ainda pior, uma das mais graves da história, e as operações tiveram que ser abruptamente fechadas antes do horário habitual.
O Índice Geral (IGBVL), principal indicador que mede o desempenho das 36 empresas de maior importância no pregão de Lima, registrou um descenso de 2.655,87 pontos para fechar em 18.571,81.
Hernando Pastor, da agência Kallpa Securities SAB, declarou à Agência Efe que os investidores viviam momentos de pânico, e o mercado só espera que sejam dados sinais claros sobre o modelo econômico atual, se será mantido ou não.
Segundo números do IGBVL, desde que Humala alcançou o segundo turno, no dia0 10 de abril, até o momento, foi registrado um prejuízo de 12,52%.
Vários líderes empresariais expressaram seu apoio à escolha de Humala, mas lembraram também sobre a necessidade de restaurar a calma nos círculos empresarial e de investimentos.
O presidente da Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas (Confiep), Humberto Speziani, sugeriu a Humala nomear o mais breve possível o presidente do Conselho de Ministros e o ministro da Economia, e confirmar se manterá o presidente do Banco Central de Reserva (BCR), Julio Velarde
"É importante esclarecer alguns conceitos para acalmar os mercados, como a anunciada revisão de alguns contratos de concessão, pois isso gera temor aos investidores", declarou Speziani em entrevista à Rádio Programas del Perú (RPP), e acrescentou que a Confiep "vai apoiá-lo de todas maneiras".
O presidente da Associação de Exportadores (Adex), Juan Varilias, disse, em nota de imprensa, que apoiará Humala "na medida em que promova o investimento privado, o crescimento econômico e a inclusão social".
Até o momento, Humala recebeu os cumprimentos dos líderes de Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Espanha e Paraguai, que ligaram para ele, confirmou seu porta-voz.
O escritor Mario Vargas Llosa disse em entrevista ao jornal "La República" que acha necessário que o vencedor das eleições "dê muito em breve sinais muito práticos e muito concretos" sobre os compromissos que até agora conseguiu: um Governo democrático, não pôr em perigo o modelo econômico e a luta contra a corrupção e a pobreza. EFE