FRANKFURT (Reuters) - A inflação da zona do euro está teimosamente alta, com riscos para cima, de modo que o próximo passo do Banco Central Europeu ainda pode ser um aumento de juros, disseram autoridades de política monetária nesta quinta-feira.
O BCE aumentou suas taxas de depósito em cada uma de suas últimas 10 reuniões, atingindo um recorde de 4%, mas sinalizou uma pausa para outubro, levando os mercados a deixar de precificar a chance de qualquer outro aumento, com base na premissa de que o crescimento fraco dissuadiria as autoridades de política monetária de promover mais aperto.
"Será que atingimos o platô (nas taxas de juros)? Isso ainda não está claro", disse o presidente do banco central alemão, Joachim Nagel, em uma conferência bancária.
"A taxa de inflação na zona do euro também não está se movendo em direção a 2% no ritmo desejado... (e) o núcleo da inflação permanece teimosamente alto e espera-se que caia apenas gradualmente."
Martins Kazaks, chefe do banco central da Letônia, por sua vez, argumentou que o recente aumento nos preços da energia cria um risco de alta para a inflação.
"Na minha opinião, o recente aumento do preço do petróleo não é temporário ou transitório, mas sim uma questão estrutural", disse Kazaks. "Em minha opinião, isso cria riscos de alta para a inflação."
Kazaks disse que estava "bastante satisfeito" com o nível atual das taxas de juros, mas que não estava pronto para descartar outro aumento e que um corte nas taxas no primeiro semestre de 2024, conforme esperado por alguns participantes do mercado, seria prematuro.
"Acho que esperar cortes nas taxas em meados do próximo ano é um pouco cedo demais", disse Kazaks ao Reuters Global Markets Forum.
As taxas devem ser cortadas somente quando as projeções de inflação começarem a ficar consistentemente abaixo da meta de 2% do BCE, argumentou Kazaks.
(Por Divya Chowdhury, Francesco Canepa e Balazs Koranyi)