(Esclarece no 6º parágrafo que já foram vendidas 1.360 unidades do avião, não quase duas mil, e que cerca de mil ainda estão voando, não metade do tota)
Por Gustavo Bonato
RIBEIRÃO PRETO, São Paulo (Reuters) - A divisão de aviação agrícola da Embraer projeta vender 39 aeronaves em 2015, número praticamente estável ante as 38 unidades comercializadas em 2014, em meio a um aperto no crédito para produtores rurais no Brasil, disse um executivo da companhia nesta terça-feira.
A Embraer lançou um novo modelo do avião Ipanema, usado na pulverização de defensivos em lavouras. O produto foi apresentado ao público pela primeira vez esta semana, na feira Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), maior evento da América Latina do setor de máquinas agrícolas.
A média histórica de vendas do Ipanema é de 50 unidades por ano, tendo chegado a 70 unidades em 2013. A queda no ano passado e em 2015 é creditada a uma retração na confiança dos produtores e na oferta de crédito, fenômeno que afetou também as vendas de máquinas agrícolas como colheitadeiras e tratores nos últimos meses.
"O crédito é fator imprescindível para a tomada de decisão... A questão do crédito impacta vendas", disse à Reuters o gerente comercial da Embraer para o projeto Ipanema, Fábio Bertoldi, lembrando que 95 por cento das vendas deste tipo de avião são financiadas.
O novo modelo, chamado de 203, é mais potente, carrega mais defensivos e tem asas maiores, que permitem maior área de pulverização. A empresa continua vendendo os modelos da linha 202.
O Ipanema começou a ser fabricado em 1972 e é o modelo mais longevo do portfólio da Embraer. Nessas mais de quatro décadas, 1.360 aeronaves foram vendidas e cerca de mil ainda estão voando, garantindo à fabricante fatia de mais de 60 por cento do mercado de aviões agrícolas no país.
Com preço de venda de 1,25 milhão de reais para o novo modelo e de 1,02 milhão para o antigo, o Ipanema é o avião mais barato da Embraer, bem abaixo dos 4 milhões de dólares cobrados pelo jato executivo mais barato da empresa.
As vendas do Ipanema são contabilizadas dentro da categoria "outras receitas" da Embraer, que representaram 1,2 por cento do faturamento da companhia em 2014.