Por Gabriel Ponte
BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira deve registrar avanço de 3,9% em seu saldo superavitário em 2021, a 53 bilhões de dólares, ante o registrado no ano passado, de 51 bilhões de dólares, informou o Ministério da Economia nesta segunda-feira, em um cenário que contempla um crescimento do PIB entre 3,2% a 3,8%.
De acordo com o secretário do Comércio Exterior do ministério, Lucas Ferraz, as exportações devem crescer 5,3%, a 221,1 bilhões de dólares, bem como as importações, com avanço de 5,8%, a 168,1 bilhões de dólares, resultando em um aumento percentual de 5,5% da corrente de comércio na comparação a 2020, a 389,2 bilhões de dólares.
A balança comercial brasileira fechou 2020 com superávit de 50,995 bilhões de dólares, avanço de 6,2% em termos de valor sobre 2019, em um ano atípico marcado pela interrupção de atividades econômicas em decorrência da propagação da pandemia da Covid-19 ao redor do globo, impactando cadeias produtivas.
O saldo no agregado do ano foi o terceiro maior com base na série histórica iniciada em 1989, estando atrás apenas dos valores registrados nos anos de 2017 (66,9 bilhões de dólares) e 2018 (58,03 bilhões de dólares). A última previsão feita pelo Ministério da Economia para a balança era de que ela ficaria positiva em 55 bilhões de dólares em 2020.
No acumulado do ano passado, as exportações somaram 209,9 bilhões de dólares, queda de 6,1% em comparação pela média diária com o ano passado. As importações também registraram recuo, de 9,7%, somando 158,9 bilhões de dólares, resultando em uma queda da corrente de comércio em 2020 de 7,7%.
Em termos de atividade econômica, o setor agropecuário aumentou sua participações no nível de exportações, a 21,6%, ante 19,1% em 2019. A Indústria Extrativa também avançou 0,9 ponto percentual no acumulado do ano ante 2019, a 23,3%, enquanto a Indústria de Transformação perdeu espaço, com participação de 54,7%, ante 58% em 2019.
Entre os destinos de exportação, destaque para o continente asiático, que registrou aumento de 7,2%, pela média diária, sob o ano de 2019, impulsionado pela atividade da China, que influenciou a "resiliência" das exportações domésticas, afirmou Ferraz em coletiva de imprensa virtual.
"Como a China foi um país, e a região asiática como um todo, que se recuperou mais cedo da pandemia e começou a aumentar seu volume importado... é natural que o Brasil, que é um país que tem vantagens comparativas de produtos consumidos por essa região, se beneficiasse mais na sua pauta exportadora", completou.
Apesar da variação positiva em relação à Ásia, o Brasil registrou queda de exportações a outros importantes parceiros comerciais, como os Estados Unidos, a Argentina e a União Europeia (UE). Ferraz, no entanto, pontuou que produtos de maior valor agregado, naturalmente exportados para essas economias, foram afetados pelos impactos da Covid-19 nas regiões.
"Com o passar da pandemia, é natural que o Brasil volte a recuperar mercado nesses destinos, que são importantes destinos de produtos manufaturados para a nossa economia."
Pela ótica das importações, o país registrou forte queda no setor da Indústria Extrativa (-41,2%), que teve participação total nas importações brasileiras no agregado do ano de 4,1%.
A Agropecuária também registrou recuo nas importações de 3,9%, com participação de 2,6%, enquanto a Indústria de Transformação teve queda de 7,7%, com participação em 93% do total.
DEZEMBRO
Em dezembro, o déficit foi de 42 milhões de dólares, informou o ministério, abaixo do saldo positivo de 200 milhões de dólares esperado por analistas em pesquisa Reuters.
No último mês do ano, as exportações alcançaram 18,365 bilhões de dólares, enquanto as importações somaram 18,407 bilhões de dólares.
Pela média por dia útil, as exportações em dezembro caíram 5,3% sobre o mesmo período do ano anterior, enquanto as importações saltaram 39,9%.