ISTAMBUL (Reuters) - O banco central da Turquia cortou sua taxa de juros em 1,5 ponto percentual como esperado nesta quinta-feira, para 9%, e disse que decidiu interromper seu ciclo de afrouxamento.
O movimento atende o pedido do presidente Tayyip Erdogan de uma taxa de um dígito até o final do ano, apesar da inflação acima de 85%.
A lira enfraqueceu para uma mínima recorde de 18,66 contra o dólar após a decisão.
Com o corte desta quinta-feira, o banco central reduziu os juros em um total de 5 pontos percentuais em quatro meses. O banco diz que o estímulo é necessário dados os sinais de desaceleração econômica, mesmo quando os bancos centrais em todo o mundo correm na outra direção.
"É extremamente importante que as condições financeiras permaneçam dando suporte... em um período de incertezas crescentes em relação ao crescimento global, bem como uma maior escalada dos riscos geopolíticos", disse o banco.
"Considerando os riscos crescentes relativos à demanda global, o Comitê avaliou que a taxa atual é adequada e decidiu encerrar o ciclo de corte de juros que começou em agosto."
A inflação disparou desde 2021, alimentada por um ciclo de flexibilização pouco ortodoxo estimulado por Erdogan, o que desencadeou uma crise cambial no final do ano passado. Ele disse no mês passado que o banco continuaria a reduzir os juros todos os meses "enquanto eu estiver no poder".
Erdogan, um "inimigo" autodeclarado das taxas de juros, pretende impulsionar os investimentos, a produção, as exportações e o emprego, ao mesmo tempo em que reduz as taxas de acordo com seu programa econômico.
Seis dos sete economistas consultados pela Reuters esperam uma mudança para um aperto monetário, que levaria a taxa a uma faixa de 16% e 35% em 2023.
Os analistas dizem que a trajetória monetária dependerá de Erdogan ser reeleito em uma eleição presidencial em maio ou junho do próximo ano, acrescentando que uma vitória da oposição poderia levar a Turquia retornar às políticas econômicas ortodoxas.
Eles não esperam uma mudança até as eleições.
O banco central projeta que a inflação cairá para 65,2% até o final de 2022, graças em grande parte aos efeitos base em dezembro, em comparação a uma estimativa de 70,25% na última pesquisa da Reuters.
(Reportagem de Ali Kucukgocmen)