Por Leika Kihara
TÓQUIO (Reuters) - O banco central do Japão manteve nesta quarta-feira seu forte programa de estímulos e descartou especulações sobre afrouxamento da política monetária no curto prazo, mesmo com a inflação estacionada e o crescimento estagnado dois anos após o início de sua tentativa radical de reavivar a economia.
Preocupações sobre retornos cada vez menores com a impressão agressiva de dinheiro levou um membro do Conselho a propor a redução das compras de ativos. Ele foi derrotado por 8 votos a 1, mas destacou o enfraquecimento da convicção de que o banco central japonês conseguirá atingir a ambiciosa meta de inflação.
Embora seu cronograma inicial para atingir uma inflação de 2 por cento tenha passado, o BC japonês mantém a posição de que os preços vão subir gradualmente conforme a economia se recupera e salários mais altos levarão as famílias a elevarem os gastos.
Após a amplamente esperada decisão de deixar a política inalterada, o presidente do banco central do país, Haruhiko Kuroda, manteve-se firme.
"A tendência ampla nos preços está melhorando de maneira estável", disse ele numa coletiva de imprensa, acrescentando que não houve mudança no objetivo do BC de alcançar sua meta de inflação o mais rapidamente possível "com um prazo de 2 anos em mente".
Ele disse também que a economia está numa situação muito melhor do que em outubro do ano passado, quando o banco central japonês surpreendeu os mercados ampliando o estímulo em resposta a gastos fracos de famílias e a uma súbita desaceleração na inflação causada pela queda dos preços mundiais do petróleo.
"Os riscos que vimos em outubro do ano passado diminuíram por enquanto", disse ele, afastando especulações de que sinais renovados de fraqueza na economia podem incentivar o banco a agir já na sua próxima reunião, em 30 de abril.
Quando lançou o programa de estímulo em abril de 2013, economistas compararam a medida a um tiro de bazuca monetária. O BC japonês prometeu alcançar 2 por cento de inflação em cerca de dois anos em um país que enfrenta 15 anos de deflação.
O BC tem comprado títulos e outros ativos de forma agressiva desde então e agora quer aumentar a base monetária --ou dinheiro e depósitos no banco central-- em 80 trilhões de ienes (666 bilhões de dólares) por ano.