SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central anunciou para sexta-feira a oferta de 3,6 mil contratos para rolagem de swap cambial tradicional, equivalentes à venda futura de dólares, que vencem em 1º de abril, confirmando o anúncio feito mais cedo nesta quinta-feira de que reduziria a intervenção no mercado de câmbio.
A redução, segundo o BC, reflete o entendimento de que o atual ambiente internacional permite rever suas posições em swaps. Uma fonte da autoridade monetária disse à Reuters que a decisão foi tomada após o Federal Reserve, banco central norte-americano, mostrar-se mais "dovish" na véspera.
Se o BC mantiver o volume de 3,6 mil contratos e vender a oferta integral até o penúltimo dia útil do mês, como de praxe, irá rolar perto de 75 por cento do lote que vence em abril, equivalente a 10,092 bilhões de dólares.
Atualmente, o BC administra estoque correspondente a cerca de 110 bilhões de dólares em swaps, que oferecem aos investidores proteção contra a alta do dólar, distribuídos em diversos vencimentos no primeiro dia útil de cada mês.
A autoridade monetária diz que a atuação tem como objetivo oferecer proteção cambial aos agentes e moderar a volatilidade no câmbio. Alguns analistas, porém, criticam a estratégia, que tende a gerar custos para o BC quando a moeda norte-americana sobe.
No ano passado, as operações custaram ao BC cerca de 100 bilhões de reais pelo critério de competência, segundo dados da própria autoridade monetária, contribuindo para elevar o déficit nominal e a dívida bruta do setor público. Na dívida líquida, o resultado negativo é mais do que compensado pela valorização das reservas internacionais -- que tem impacto apenas contábil.
O BC rolou integralmente os últimos sete vencimentos e iniciou o mês de março indicando que faria o mesmo com os vencimentos de abril. No entanto, no dia 4 de março, o BC vendeu apenas parcialmente a oferta de swaps em leilão diário para rolagem, quando o dólar desabava frente ao real.
A atuação levantou dúvidas sobre as intenções do BC, com alguns analistas sugerindo que a autoridade monetária gostaria de estabelecer um piso para a divisa. No entanto, o BC voltou a vender a oferta integral de 9,6 mil contratos nos leilões seguintes, indicando que ainda poderia rolar integralmente o lote que vence em abril.
Após registrar em 2015 a maior alta anual em 13 anos, o dólar mudou de direção neste ano e passou a recuar firmemente em relação ao real. Neste ano, a moeda norte-americana acumula queda de 7,46 por cento.
O movimento foi influenciado pelos mercados externos, onde sinais de desaceleração econômica vêm alimentando expectativas de que a política monetária dos principais bancos centrais deve continuar expansionista.
Além disso, a perspectiva de que a presidente Dilma Rousseff seja afastada do governo, vem desempenhando papel importante na queda do dólar.
Muitos investidores acreditam que a eventual mudança de governo ajudaria o país a recuperar sua credibilidade entre agentes financeiros, embora alguns ressaltem que as turbulências políticas alimentam as incertezas.
(Por Bruno Federowski e Flavia Bohone)