Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, a 7,5 por cento ao ano, desacelerando o passo e retirou a menção sobre o "encerramento gradual do ciclo" de afrouxamento monetário, mas voltou a repetir que uma redução moderada na Selic à frente é adequada.
"Para a próxima reunião, caso o cenário básico evolua conforme esperado, e em razão do estágio do ciclo de flexibilização, o Comitê vê, neste momento, como adequada uma redução moderada na magnitude de flexibilização monetária", informou o BC, indicando que continuará a colocar novamente o pé no freio em dezembro.
Em pesquisa Reuters, 53 de 54 analistas consultados previam que o corte seria de 0,75 ponto agora. Esse foi o nono corte consecutivo na Selic, que a levou ao nível mais baixo desde abril de 2013, e menor do que anterior, de ponto.
Desde o início do mês passado, o BC vinha apontando que o Comitê de Política Monetária (Copom) antevia o encerramento gradual do ciclo.
"A gente esta vendo um cenário relativamente tranquilo para inflação, em que pese o susto do aumento da energia elétrica", afirmou o economista do banco Santander (SA:SANB11) Luciano Sobral, para quem a Selic irá a 6,75 por cento em janeiro.
Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas todas as semanas, a expectativa é de que a Selic vá a 7 por cento no fim deste ano e do próximo, o que já seria seu menor patamar histórico.
Mas com a inflação projetada abaixo do centro da meta para 2017 e 2018 e pouco pressionada pela ainda lenta retomada da economia, uma parte dos analistas já enxergava a possibilidade de a Selic ir abaixo deste nível.
No comunicado, o BC elevou marginalmente a projeção de inflação pelo cenário de mercado a 3,3 por cento em 2017, ante 3,2 por cento em sua última estimativa, feita em setembro no relatório trimestral de inflação. Para 2018 e 2019, a perspectiva foi mantida em 4,3 por cento e 4,2 por cento, respectivamente.
A meta de inflação para este ano e o próximo é de 4,5 por cento pelo IPCA, caindo a 4,25 por cento em 2019, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione)