Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu aumentará os juros pela primeira vez em 11 anos nesta quinta-feira, com um movimento maior do que o sinalizado cada vez mais provável já que as autoridades temem perder o controle da inflação ao consumidor.
Com a inflação já se aproximando dos dois dígitos, existe o risco de ela se enraizar acima da meta de 2% do BCE, exigindo aumentos de juros mesmo que isso desacelere ou até mesmo derrube uma economia que já sofre com as consequências da guerra da Rússia na Ucrânia.
Mas as autoridades parecem longe de mostrar união sobre a rapidez com que o BCE deve agir, com alguns argumentando que o banco já está muito atrás da curva, especialmente em comparação com pares globais como o Federal Reserve, enquanto outros apontam para uma recessão iminente que o BCE corre o risco de exacerbar.
O banco até recentemente sinalizava apenas um aumento de 0,25 ponto percentual, a ser seguido por um movimento maior em setembro, mas fontes próximas à discussão disseram que um aumento de 0,50 ponto também estaria em jogo nesta quinta-feira, já que as perspectivas de inflação estão se deteriorando rapidamente.
Economistas consultados pela Reuters preveem um aumento de apenas 0,25 ponto, mas a maioria disse que o banco deveria de fato optar por 0,50 ponto, elevando sua taxa de depósito da mínima recorde de -0,5% para zero.
Para complicar a decisão, a recente queda do euro para uma mínima de duas décadas em relação ao dólar também aumenta as pressões inflacionárias, ampliando as justificativas para um aumento maior dos juros, mesmo que isso acabe prejudicando o crescimento.
Um aumento maior, no entanto, exige que o BCE proteja países mais endividados, como Itália ou Espanha, do aumento dos custos de empréstimos, Assim também seria necessário um acordo sobre um novo esquema de compra de títulos, já próximo de ser alcançado de acordo com fontes.
Quando os juros sobem, os custos dos empréstimos na periferia do bloco aumentam desproporcionalmente e o BCE prometeu combater esse tipo de fragmentação com um novo instrumento.
Embora nem todos os detalhes desta ferramenta devam ser anunciados, a chefe do BCE, Christine Lagarde, provavelmente assumirá um compromisso firme e deve oferecer pelo menos alguns detalhes, incluindo os requisitos para acionar a ajuda do BCE.
Em junho, quando ela fez apenas um compromisso vago, os investidores imediatamente questionaram o BCE, elevando os rendimentos italianos a máximas de uma década, forçando o BCE a uma reunião de política emergencial e a uma promessa mais forte.
Segundo um novo cronograma, o BCE anuncia sua decisão de política às 9h15 (horário de Brasília), 30 minutos mais tarde do que anteriormente. A coletiva de imprensa de Lagarde está marcada para 9h45, 15 minutos mais tarde do que no passado.