SINTRA, PORTUGAL (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) terá paciência no aperto da política monetária, disse o presidente do BCE, Mario Draghi, acrescentando que a precificação do mercado para a primeira alta de juros pós-crise é consistente com o objetivo de agir gradualmente.
O BCE decidiu na semana passada encerrar seu programa de compra de títulos de 2,6 trilhões de euros até o fim do ano, mas disse que as taxas de juros permanecerão inalteradas pelo menos até o próximo verão (do hemisfério norte), uma redação que adiou as expectativas de aumento em três meses, até setembro de 2019.
Mas a incerteza está aumentando à medida que a ameaça de uma guerra comercial global se aproxima, enquanto a aceleração na inflação ainda não pode ser dada como certa já que salários mais altos podem não se traduzir em crescimento mais rápido dos preços, disse Draghi em um fórum em Sintra, Portugal.
"Vamos continuar sendo pacientes na determinação do momento do primeiro aumento dos juros e adotaremos uma abordagem gradual no ajuste da política monetária a partir de então", disse Draghi.
"A trajetória das taxas de juros de curtíssimo prazo que está implícita na estrutura a termo das taxas de juros atuais do mercado monetário reflete amplamente esses princípios."
Isso foi de encontro à reação brutal do mercado às palavras de Draghi em Sintra um ano antes, quando a mera sugestão de uma redução do estímulo monetário fez com que o euro avançasse em relação ao dólar.
Este ano, Draghi conseguiu a rara proeza de enfraquecer o rendimento dos títulos e o euro enquanto anunciava o aperto da política monetária em uma coletiva de imprensa em 14 de junho.
O BCE tem como meta inflação abaixo de 2 por cento, mas superou essa meta por mais de cinco anos, apesar de ter adotado um coquetel de medidas não convencionais sem precedentes para reavivar o aumento dos preços.
Embora os preços estejam agora em alta, em parte devido ao aumento do petróleo, e o BCE veja a inflação perto de sua meta até 2020, Draghi disse que a incerteza prevalece, nublando as perspectivas de alta dos preços.
(Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi)