Dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) concordaram que setembro será um bom momento para reavaliar o nível de aperto da política monetária, mas reiteraram que estão determinados a manter a restrição até que a inflação retorne para a meta de 2% de modo sustentado. As conclusões foram tomadas na reunião de política monetária de 17 e 18 de julho, segundo ata do encontro publicada nesta quinta-feira. Na ocasião, o BCE manteve suas principais taxas de juros em 25 pontos-base.
As autoridades do BCE apontaram que, por um lado, é importante equilibrar o nível de restrição para evitar gerar danos para a atividade econômica, que está em recuperação. Mas, pelo outro, alertam que a "última parte do processo de desinflação será mais desafiadora" e exige cautela para manejar a flexibilização monetária. "Até setembro, teremos mais dados sobre a inflação e os salários em julho e agosto", reitera a ata.
O documento também reforça que "não haverá comprometimento com uma trajetória específica para os juros" e que o relaxamento monetário, iniciado em junho, será feito gradualmente, para avaliar os riscos relacionados a possível persistência dos preços elevados. As decisões serão dependentes de dados e tomadas a cada reunião, observaram os dirigentes.
Entre os riscos, a ata do BCE destaca que o progresso na inflação de serviços parece ter estagnado com preços altos, dificultando o declínio do núcleo da inflação europeia e sinalizando que as pressões domésticas seguem elevadas na zona do euro. Esse cenário também tem reflexos sobre o índice cheio da inflação, que deve seguir acima da meta de 2% até boa parte de 2025.
Pelo lado positivo, o impacto inflacionário do avanço salarial elevado no bloco parece ter sido amenizado por lucros corporativos, embora os dirigentes do BCE continuem acompanhando de perto desdobramentos do mercado de trabalho europeu.
O BCE volta a se reunir para discutir sua política monetária nos dias 11 e 12 de setembro.