Por Howard Schneider e Balazs Koranyi e Leika Kihara
(Reuters) - O ataque russo à Ucrânia pode desacelerar o crescimento global e criar novos riscos econômicos, mas os principais bancos centrais estão mantendo seu foco na luta contra a inflação, que parece se intensificar à medida que os preços disparam em todos os setores, de combustíveis a alimentos.
Embora a Europa possa ser a mais vulnerável a um choque econômico mais amplo da guerra, o Banco Central Europeu deixou claro na quinta-feira que a região não pode dar as costas para o salto da inflação na zona do euro.
Chamando a guerra de um "momento divisor de águas" que pode conter o crescimento e impulsionar a inflação, o BCE concordou em parar de injetar dinheiro nos mercados no terceiro trimestre, abrindo caminho para possíveis aumentos de juros ainda neste ano, pela primeira vez em mais de uma década.
"Você pode analisar a inflação da maneira que quiser e olhar para qualquer medida do núcleo: ela está acima da meta e subindo. Temos um mandato de (inflação de) 2% e estamos falhando", disse uma autoridade do BCE, que pediu para não ser identificada.
Uma narrativa semelhante está surgindo em outros países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, conforme as autoridades avaliam o dano econômico potencial da guerra contra o aumento persistente da inflação.
A inflação "é uma preocupação tremenda", disse a secretária do Tesouro norte-americano, Janet Yellen, na quinta-feira. "Isso atinge os americanos com força. Faz com que eles se preocupem com questões básicas do bolso."
Com a inflação ao consumidor nos EUA atingindo uma máxima em 40 anos, investidores esperam agora que o Fed eleve os juros básicos para um intervalo entre 1,75% e 2% até o final do ano, 0,25 ponto percentual acima do esperado na semana passada.
A exceção entre os principais bancos centrais é o do Japão, que deve manter a política monetária ultraflexível para apoiar uma recuperação econômica ainda frágil, mesmo com o aumento dos custos de energia empurrando a inflação em direção a sua meta de 2%.