Por Fiona Ortiz
FERGUSON EUA (Reuters) - Mais de 50 pessoas foram presas em uma série de passeatas pacíficas na região de St. Louis na segunda-feira, organizadas para chamar a atenção sobre a violência policial, mais de dois meses depois de um policial branco ter matado um adolescente negro desarmado em um subúrbio local.
Dezenas de manifestantes --incluindo muitos ativistas provenientes de outras cidades-- foram presos sob uma forte chuva em atos de desobediência civil em Ferguson, subúrbio onde Michael Brown, de 18 anos, foi morto a tiros.
Ao longo do dia, grupos diferentes ocuparam a prefeitura de St. Louis, fecharam duas lojas da rede Walmart, fizeram manifestações em frente ao comitê de um político local e ergueram faixas em meio a um jogo de futebol americano em que se liam "black lives matters"("vidas de negros importam").
Uma pessoa foi presa na prefeitura de St. Louis, disse a polícia, e uma testemunha da Reuters viu três outras pessoas sendo detidas enquanto 150 manifestantes faziam um protesto em frente a uma loja Walmart no pequeno subúrbio de Maplewood.
"Este é um dia histórico", disse Mervyn Marcano, porta-voz para o "Outubro Ferguson", quatro dias de protestos que culminaram no que os organizadores chamaram "Segunda-feira da Moral"
Durante o fim de semana foram organizadas passeatas comícios, vigílias e aulas em Ferguson e St. Louis, eventos transmitidos ao vivo pela Internet para comprovar a não ocorrência de atos violentos e saques.
Encharcados pela forte chuva, manifestantes cantavam hinos pró direitos civis e se ajoelhavam sobre o asfalto molhado diante de uma fileira de policiais em Ferguson. Em uma manifestação cuidadosamente coreografada, os ativistas avançaram lentamente contra a formação policial, forçando os policiais a detê-los.
"Estou dando um passo à frente. Não estou resistindo à prisão. Vou dar um passo à frente. Exijo me encontrar com as autoridades de Ferguson. Quero exigir justiça por Mike Brown", disse o representante do Partido Comunista Carl Dix, enquanto avançava contra a linha policial, até ser preso. Ele foi liberado no mesmo dia.
Líderes religiosos locais e de âmbito nacional, grupos pró direitos civis, ativistas e organizadores de comunidades locais ajudaram a liderar as manifestações, que disseram ter o objetivo de chamar a atenção para o que consideram ser uma discriminação no tratamento dado pela polícia aos negros, assim como impulsionar um movimento nacional contra a violência policial.
(Reportagem adicional de Jim Young em St. Louis e Carey Gillam em Kansas City, no Missouri)