Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O Bank of America passou a estimar retração do PIB brasileiro em 2020, na sequência de outras instituições financeiras que também agora veem queda devido ao surto do coronavírus.
O BofA calcula que o PIB retrairá 0,5% em 2020, expressiva mudança ante o número anterior, que indicava crescimento de 1,5%.
Na América Latina, Venezuela (-20,0%), México (-4,5%) e Argentina (-3,0%) sofrerão os baques mais fortes. O Chile deve cair 0,7%, e a economia peruana ainda deve crescer 0,5%, segundo o banco.
"Chile, Peru e Brasil são os países mais sensíveis ao choque combinado China/commodities, mas ajustamos nossas previsões de crescimento de maneira geral", disseram profissionais do banco em relatório.
Outras instituições financeiras já haviam cortado suas projeções para o PIB brasileiro nos últimos dias.
O JPMorgan espera recuo de 3,5% da economia no primeiro trimestre deste ano e um tombo de 10% no segundo trimestre, com a economia fechando o ano em contração de 1,0%. O Goldman Sachs baixou suas estimativas de expansão de 1,5% para declínio de 0,9% em 2020.
A Itaú Asset Management passou a ver queda do PIB de 0,3% em 2020. E o Credit Suisse havia reduzido sua projeção de alta de 1,4% para zero.
O UBS cortou a 0,5% sua expectativa de crescimento para o PIB neste ano, depois de uma taxa já revisada para baixo de 1,3% (contra 2,1% antes). Dos citados, o Santander Brasil (SA:SANB11) ainda tem a projeção de 1%, mas a metade da taxa de expansão de 2% com a qual o banco trabalhava antes.
O Citi ainda não revisou sua estimativa nesta semana e segue com projeção de crescimento de 1,6% para este ano. Mas o banco reconhece que seu prognóstico está "subestimando amplamente o impacto negativo do Covid-19 na economia, especialmente no setor de serviços", que corresponde a cerca de 70% do PIB.
"Estamos monitorando a escalada significativa desse processo esta semana para ter uma melhor avaliação sobre a extensão de nossa revisão significativa do PIB a ser implementada nos próximos dias", disse o banco em relatório.
A expectativa é que a onda de revisões já seja sentida na pesquisa Focus da próxima segunda-feira. Na edição mais recente da pesquisa, divulgada no último dia 16, o mercado estimava crescimento da economia de 1,68% em 2020, segundo a mediana das projeções.