A redução da conta de luz em janeiro, com a incorporação do bônus de Itaipu, deve impedir que a inflação rompa o teto da meta no início do ano que vem. A mediana do relatório Focus para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro caiu de 0,44% para 0,04%, refletindo a incorporação dessa medida. Tudo o mais constante, essa taxa próxima de zero vai levar a inflação acumulada em 12 meses a cair de 4,84% em dezembro para 4,44% no primeiro mês de 2025 - abaixo do limite superior do alvo, de 4,50%.
Esses números consideram as projeções mensais de inflação inseridas por economistas no Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o relatório Focus.
Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), até a semana passada era consenso no mercado que o IPCA superaria o teto da meta nos seis primeiros meses de 2025, o que levaria o futuro presidente da autarquia, o atual diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, a escrever uma carta para explicar as razões do descumprimento.
O novo alvo é apurado com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se ele ficar acima ou abaixo do teto (4,5%) ou piso (1,5%) da meta por seis meses seguidos, considera-se que o BC perdeu a meta de inflação
Mesmo assim, o efeito do bônus de Itaipu é pontual e a expectativa é que ele seja totalmente devolvido a partir de fevereiro. O mercado aumentou a projeção de inflação do mês de 0,73% para 1,20% - o que fará com que o IPCA acumulado em 12 meses suba a 4,83% nesse período. Conforme as medianas, ele deve se manter acima de 4,50% em março (5,08%), abril (5,12%), maio (4,94%), junho (5,0%) e julho (4,87%). Com essa sequência de seis meses, a meta será perdida.
Segundo as medianas, o IPCA acumulado em 12 meses deve permanecer acima de 4,50% até fevereiro de 2026, quando cairia a 4,32%.