BRASÍLIA (Reuters) - O governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira uma redução drástica das metas de superávit primário neste e nos próximos dois anos, devido à frustração da receita em meio a um cenário de contração econômica, e elevou os cortes de despesas em 2015 em 8,6 bilhões de reais.
A meta de superávit primário --a economia feita pelo governo para o pagamento de juros da dívida pública-- foi reduzida em 2015 para 8,747 bilhões de reais, ou 0,15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), contra 66,3 bilhões de reais, ou 1,1 por cento do PIB, previstos até então, anunciaram os ministérios do Planejamento e da Fazenda.
O governo também anunciou redução da meta fiscal de 2016 e 2017 para, respectivamente, 0,7 e 1,3 por cento do PIB. O objetivo anterior para cada um dos próximos dois anos era de 2 por cento do PIB, percentual que agora só deverá ser alcançado em 2018.
As mudanças nas metas de superávit de 2015 e 2016 dependem de aprovação do Congresso Nacional.
A mudança da meta em 2015 se deve, segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a uma queda na previsão de receita deste ano. A previsão de receita líquida total foi reduzida em cerca de 46 bilhões de reais, para 1,112 trilhão de reais.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que poderá abater da meta fiscal deste ano até 26,4 bilhões de reais, dependendo do comportamento das receitas esperadas e de algumas medidas que dependem de aprovação do Congresso Nacional. Na prática, se o governo fizer o abatimento, o país terá registrado déficit primário em 2015.
(Reportagem de Luciana Otoni e Marcela Ayres)