👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Brasil encolhe por 3 trimestres seguidos, maior sequência já vista, e amplia recessão

Publicado 01.12.2015, 11:02
Atualizado 01.12.2015, 11:10
© Reuters. Pátio de veículos da Volkswagen em fábrica em São José dos Campos (SP).
USD/BRL
-

Por Rodrigo Viga Gaier e Patrícia Duarte

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A economia brasileira encolheu mais do que o esperado no terceiro trimestre deste ano sobre os três meses anteriores, com destaque para a fraqueza dos investimentos, sinal de que uma recuperação ainda está longe.

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 1,7 por cento de julho a setembro contra o período imediatamente anterior, no terceiro trimestre seguido de contração, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

Essa sequência de quedas é a maior desde o início da série histórica do IBGE, em 1996. Sobre o terceiro trimestre de 2014, o PIB despencou 4,5 por cento, também o maior tombo histórico na comparação anual.

Pesquisa da Reuters apontava que a economia teria queda de 1,2 por cento entre julho e setembro na comparação trimestral e de 4,1 por cento sobre um ano antes.

O país vive profunda crise econômica e política, em meio ao cenário de inflação de dois dígitos, que tem abalado profundamente a confiança de agentes econômicos e colocado desafios cada vez maiores para a presidente Dilma Rousseff, sobretudo no campo fiscal.

No terceiro trimestre, a atividade encolheu em praticamente todos os setores, com forte destaque para os investimentos produtivos. Segundo o IBGE, a Formação Bruta de Capital Fixa (FBCF) despencou 4 por cento no trimestre passado, comparado com os três meses anteriores, nono trimestre seguido de queda, também maior sequência no vermelho registrada pelo IBGE.

O consumo das famílias recuou 1,5 por cento, na mesma base de comparação, enquanto o consumo do governo teve leve crescimento de 0,3 por cento --único segmento que não caiu no terceiro trimestre sobre o imediatamente anterior.

"Olhando para a frente, não há nada que permita visualizar cenário positivo. Nossa avaliação é que o atual quadro recessivo deve prolongar-se ao longo do restante do ano e do próximo", afirmou o economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira, em nota. Ele piorou suas estimativas para o PIB deste ano e do próximo, projetando agora quedas de 3,8 e de 3,1 por cento, respectivamente.

Ainda segundo o IBGE, a indústria caiu 1,3 por cento no terceiro trimestre sobre o imediatamente anterior, enquanto que serviços e agropecuária mostraram recuo de 1 e de 2,4 por cento, respectivamente.

O IBGE revisou ainda, e para pior, as contrações do PIB vistas nos segundo e primeiro trimestres deste ano, para quedas de 2,1 e de 0,8 por cento, respectivamente, também sobre os três meses anteriores.

O desempenho pífio da economia acontece no momento em que as contas públicas estão em desordem, o que abala ainda mais a confiança, com redução de investimentos e consumo e, consequentemente, da arrecadação. O cenário ainda deve piorar, já que mais de um milhão de pessoas perderam o emprego formal nos últimos 12 meses, no início do que deve ser a recessão mais longa do Brasil desde a década dos anos 1930.

Pesquisa Focus do Banco Central mostra que a expectativa de economistas é de contração de 3,19 por cento este ano e recuo de 2,04 por cento em 2016.

"Não tem nenhum aspecto positivo para extrair dos dados (divulgados pelo IBGE), que refletem a situação delicada que o país vive hoje... A única coisa é que se vê algum reflexo nas exportações da forte desvalorização do real, mas ainda assim a balança comercial contribuiu positivamente muito mais pela forte queda das importações do que pelo crescimento das exportações", afirmou o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno.

A disparada do dólar sobre o real --de cerca de 45 por cento neste ano-- levou à contribuição positiva externa ao PIB do terceiro trimestre.

Segundo a gerente de contas trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, a contribuição do setor externo é positiva à atividade a partir do primeiro trimestre deste ano. O instituto só informará dados detalhados da ajuda da valorização do dólar ao PIB brasileiro no resultado anual.

O cenário de contração econômica vem também em meio à inflação elevada, com perspectivas de que estoure a meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de dois pontos percentuais para mais ou menos-- tanto em 2015 quanto em 2016.

© Reuters. Pátio de veículos da Volkswagen em fábrica em São José dos Campos (SP).

Diante disso, o Banco Central já deu sinais que deve elevar a taxa básica de juros do país, hoje em 14,25 por cento ao ano, em breve para conter a escalada nos preços. Porém, ao limitar o consumo por meio do encarecimento do crédito, o movimento pode impactar ainda mais a atividade econômica.

(Reportagem adicional de Caio Saad, no Rio de Janeiro, e Camila Moreira, em São Paulo)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.