BRASÍLIA (Reuters) - Diante do mau desempenho da economia, o Brasil fechou 157.905 vagas formais de trabalho no mês passado, pior resultado para julho da série histórica iniciada em 1992, resultado muito aquém do esperado e vindo sobretudo do setor industrial e de serviços.
No acumulado do ano, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira, foram perdidos 494.386 empregos com carteira assinada no país, no dado com ajustes, revertendo quase 75 por cento das vagas abertas em igual período de 2014.
O resultado de julho foi pior que as expectativas de economistas ouvidos pela Reuters, cuja mediana apontava para o fechamento de 112 mil empregos no período. Em junho, haviam sido fechados 111.199 postos com carteira assinada, sem ajustes.
A elevada demissão líquida em julho foi provocada por grandes dispensas de trabalhadores na indústria da transformação (-64.312), serviços (-58.010), comércio (-34.545) e construção civil (-21.996). Apenas a agricultura registrou contratação líquida, de 24.465 trabalhadores, por motivos sazonais, segundo o ministério.
O acumulado do ano até julho, ainda segundo a pasta, foi a primeira vez da série histórica desse período (iniciada em 2002) que houve mais rescisões que admissões no mercado de trabalho formal.
Nos sete primeiros meses do ano, a indústria fechou 226.986 vagas, com ajustes; a construção civil eliminou 154.897 postos; o comércio dispensou 214.145 trabalhadores; enquanto o setor de serviços demitiu 11.648 pessoas. A agricultura abriu 110.037 vagas no período em termos líquidos e o setor público, 12.741 empregos.
O mercado de trabalho vem sofrendo com a atual conjuntura de economia em contração, inflação e juros elevados e instabilidade política, que tem abalado a confiança dos agentes econômicos.
Também no mês passado, a taxa de desemprego no Brasil saltou para 7,5 por cento em julho, maior nível em mais de 5 anos, em consequência do aumento de quase 10 por cento da população desocupada, informou na véspera o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cenário econômico ruim deverá continuar. Na pesquisa Focus do Banco Central, economistas de instituições financeiras estimaram retração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,01 por cento este ano, e alta do IPCA de 9,32 por cento.
(Por Luciana Otoni)