Por Isabel Versiani e Camila Moreira
BRASÍLIA/SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil registrou um déficit em transações correntes de 3,487 bilhões de dólares em setembro, acumulando em 12 meses um saldo negativo equivalente a 2,05% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta quinta-feira.
O dado veio pouco melhor que a expectativa de déficit de 3,95 bilhões de dólares em pesquisa da Reuters com analistas, mas piorou em relação a setembro de 2018 --quando o saldo foi negativo em 194 milhões de dólares-, refletindo uma redução do superávit comercial no período.
No mês passado, as exportações caíram 2,1% na comparação com setembro de 2018, enquanto as importações aumentaram 18%. Com isso, o saldo comercial caiu 64% no período, para US$ 1,679 bilhão.
Apesar do aumento do déficit em transações correntes, conta que engloba também o comércio de serviços e os fluxos de juros e lucros, os investimentos diretos no país (IDP), de 6,306 bilhões de dólares, foram mais do que suficientes para financiar o saldo negativo. O fluxo dos investimentos diretos superou a projeção de analistas, de 4,2 bilhões de dólares.
Segundo Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, houve uma concentração de entrada de investimentos diretos nos últimos dias do mês. Para outubro, o BC projeta IDP de 7,2 bilhões de dólares, também acima da projeção de déficit para as transações correntes, de 5,8 bilhões de dólares.
Rocha afirmou que o leilão de cessão onerosa, e também a aprovação da reforma da Previdência, que melhora a perspectiva fiscal do país, vão contribuir para um aumento do fluxo de investimentos estrangeiro. Questionado se isso trará impacto para o câmbio, ele disse que sim, mas ponderou que o movimento da moeda depende também de uma série de outras variáveis. “É muito difícil prever”, afirmou.
Os investimentos em carteira no mercado doméstico registraram saídas de 4,914 bilhões de dólares em setembro. A projeção do BC é que outubro marque o terceiro mês consecutivo de saídas de investimentos em ações e títulos. Até o dia 22, o fluxo estava negativo em 4,253 bilhões de dólares.
Para Rocha, não é possível ainda falar em uma tendência para esses investimentos, que até então vinham oscilando entre meses de entrada e de saída.