Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O déficit em transações correntes do Brasil dobrou em 2018, a 14,511 bilhões de dólares, principalmente pelo resultado mais fraco da balança comercial, mas num patamar ainda confortável para o país, informou o Banco Central nesta segunda-feira.
Após um rombo em transações correntes de 815 milhões de dólares em dezembro, o país fechou os 12 meses do ano com um déficit equivalente a 0,77 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ante percentual de 0,35 por cento do PIB em 2017.
"Não obstante tenha havido um aumento em relação ao ano anterior, este déficit em transações correntes ainda é um déficit baixo para os padrões da economia brasileira. Então (é) um déficit baixo que não apresenta riscos do lado externo da economia brasileira e (que é) mais do que inteiramente financiado pelos fluxos de investimento direto no país", afirmou o chefe do Departamento Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Em 2018, o saldo da balança comercial ficou positivo em 53,587 bilhões de dólares, uma queda de 16,3 por cento em relação ao ano anterior. O movimento teve como pano de fundo um aumento mais acelerado das importações no ano (+21 por cento) que das exportações (+10 por cento), em meio à melhoria da atividade econômica.
Já antevendo essa dinâmica, o BC estimou em dezembro que o déficit em transações correntes ficaria um pouco pior em 2018, em 17,6 bilhões de dólares. Para 2019, a estimativa é de um rombo de 35,6 bilhões de dólares.
Isso porque a expectativa é que o saldo positivo da balança comercial caia mais uma vez, diante de maior fôlego esperado para a atividade. Na mais recente pesquisa Focus, feita pelo BC junto a uma centena de economistas, a expectativa é que o PIB tenha crescido 1,27 por cento no ano passado. Para este ano, a perspectiva é de uma alta de 2,50 por cento.
Em relação os investimentos diretos no país (IDP), o ingresso foi de 8,950 bilhões de dólares em dezembro, encerrando 2018 em 88,314 bilhões de dólares. No ano, o patamar chegou a 4,70 por cento do PIB, nível mais elevado para o acumulado do IDP desde junho de 2001, quando foi de 4,79 por cento, destacou o BC.
Para o IDP, o BC havia estimado um patamar menor, de 83 bilhões de dólares em 2018, subindo a 90 bilhões de dólares este ano.
Como o fluxo de investimentos estrangeiros segue superando com folga o déficit em transações correntes, a avaliação do mercado é que o país segue com uma situação confortável em seu balanço de pagamentos, algo que pode ajudá-lo a atravessar momentos de turbulência nos mercados.
Em 2018, os gastos líquidos de brasileiros no exterior ficaram em 12,346 bilhões de dólares, queda de 6,4 por cento sobre o ano anterior.
Por outro lado, as remessas de lucro e dividendos de multinacionais instaladas no Brasil cresceram 7,1 por cento na mesma base de comparação, a 16,946 bilhões de dólares.