BRASÍLIA (Reuters) - O setor público consolidado brasileiro teve déficit primário de 13,491 bilhões de reais em junho, um pouco acima do esperado pelo mercado, acumulando em 12 meses rombo distante do estabelecido como meta fiscal, num indicativo de que o objetivo do governo deverá ser cumprido com algum conforto. Em pesquisa Reuters, a expectativa era de déficit primário de 13,15 bilhões de reais para o mês.
Em junho, o governo central (governo federal, BC e Previdência) teve um rombo de 14,951 bilhões de reais, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira.
Ao mesmo tempo, os governos regionais (Estados e municípios) tiveram superávit de 353 milhões de reais e as empresas estatais ficaram no azul em 1,107 bilhão de reais.Na sexta-feira, o Tesouro já havia informado que o déficit do governo central de junho havia sido afetado pelo aumento das transferências da União a Estados e municípios devido à "reclassificação, pela Receita Federal em maio, de resíduo do estoque de parcelamentos especiais não reclassificados em novembro de 2017". Com a ação, a parte devida aos entes regionais foi então revisada para cima. No acumulado do primeiro semestre, o setor público consolidado registrou déficit de 14,424 bilhões de reais, bem menor que o de 35,183 bilhões de reais em igual etapa de 2017. Em 12 meses, o déficit foi a 89,823 bilhões de reais, equivalente a 1,34 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), com bastante folga em relação ao alvo estabelecido para o ano.
A meta para o setor público em 2018 é de rombo de 161,3 bilhões de reais, que deverá marcar o quinto ano seguido que o país não conseguiu economizar para pagar juros da dívida pública.
Em recente coletiva de imprensa, a secretária-executiva da Fazenda, Ana Paula Vescovi, afirmou que esse resultado deverá vir melhor que o estipulado pela meta em cerca de 14 bilhões de reais. Isso porque o governo calcula que Estados e municípios terão superávit primário de 10 bilhões de reais, contra meta positiva em 1,2 bilhão de reais. Também vê que as estatais fecharão o ano com déficit de 164 milhões de reais, ante meta de um saldo negativo em 3,5 bilhões de reais.
Ainda segundo o BC, a dívida bruta encerrou o semestre a 77,2 por cento do PIB, contra 77,1 por cento em maio e expectativa de analistas de 77,1 por cento, segundo pesquisa Reuters. Já a dívida líquida subiu a 51,4 por cento do PIB em junho, ante patamar de 51,3 por cento no mês anterior e projeção do mercado de 51,2 por cento.
(Por Marcela Ayres)