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Taxa de desemprego no Brasil cai ao menor nível desde início de 2015, mostra IBGE

Publicado 29.09.2023, 09:02
© Reuters. Homem segura carteira de trabalho durante busca por emprego em São Paulo
06/10/2020
REUTERS/Amanda Perobelli

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil voltou a cair no trimestre encerrado em agosto e chegou ao nível mais baixo em oito anos e meio, mostrando que o mercado de trabalho segue resiliente, com queda no número de desempregados para o menor nível desde 2015.

A taxa de desemprego atingiu 7,8% nos três meses encerrados em agosto, a mais baixa desde o trimestre até fevereiro de 2015, quando foi de 7,5%. Nos três meses imediatamente anteriores, até maio deste ano, a taxa havia ficado em 8,3%.

O dado divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda mostrou forte queda ante a taxa de 8,9% vista no mesmo período do ano anterior.

O resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) ficou em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters.

O mercado de trabalho no Brasil vem se mostrando aquecido e a taxa de desemprego deve se manter em patamares baixos, em meio a uma atividade econômica que se mostrou resiliente e surpreendeu no primeiro semestre. Mas pode perder algum fôlego de forma lenta diante da esperada desaceleração da atividade econômica, em meio aos efeitos defasados da política monetária restritiva.

"O mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável. Olhando à frente, entendemos que os efeitos defasados da política monetária contribuirão para um aumento da taxa de desemprego, que ainda resistirá em patamares historicamente baixos por mais um bom tempo", disse em nota a equipe do PicPay, calculando uma taxa média de desemprego em 2023 de 8,1%.

No trimestre até agosto, o número de desempregados caiu 5,9% na comparação com os três meses até abril, chegando a 8,416 milhões de pessoas, o que representa ainda um recuo de 13,2% na comparação anual.

Esse é o menor contingente desde o trimestre móvel encerrado em junho de 2015, o que segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílio, está diretamente relacionada à alta no número de pessoas trabalhando.

O total de ocupados avançou 1,3% em relação ao trimestre imediatamente anterior, alcançando 99,653 milhões de pessoas. Em relação ao trimestre até agosto de 2022, houve alta de 0,6%.

“Esse quadro favorável pelo lado da ocupação é o que permite a redução do número de pessoas que procuram trabalho”, disse Beringuy. “Se olhar o cenário econômico, você vê que fatores como renda e outros ajudam. O contexto macroeconômico ajuda como um todo, ajuda empresas, famílias, e isso rebate no mercado de trabalho."

RENDIMENTO EM ALTA

Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado subiram 1,1% nos três meses até agosto sobre o trimestre imediatamente anterior, atingindo 37,248 milhões, o maior contingente desde fevereiro de 2015.

Os que não tinham carteira aumentaram 2,1%, passando para 13,199 milhões.

Três grupamentos de atividades foram os principais responsáveis pelo desempenho do mercado de trabalho no trimestre terminado em agosto sobre o anterior. A maior variação foi de Serviços domésticos, que teve alta de 2,9%.

© Reuters. Homem segura carteira de trabalho durante busca por emprego em São Paulo
06/10/2020
REUTERS/Amanda Perobelli

Em seguida, o grupo de Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais mostrou aumento de 2,4%, enquanto o grupo de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas registrou expansão de 2,3%.

No período, o rendimento real habitual do trimestre encerrado em agosto foi de 2.947 reais, contra 2.914 reais nos três meses até maio e 2.818 no mesmo período de 2022.

"Tanto o desemprego baixo quanto o aumento da renda real habitual devem dificultar a desaceleração da inflação de serviços, o que deve trazer desafios para a convergência da inflação à meta", alertou Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank.

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