Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta de mais de 1 por cento nesta segunda-feira, com investidores indo às compras após a divisa norte-americana recuar a 2,50 reais no início da sessão ainda refletindo o otimismo gerado por notícias sobre a escolha da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff.
A moeda norte-americana subiu 1,08 por cento, a 2,5488 reais na venda, após atingir 2,5021 reais na mínima da sessão e 2,5535 reais na máxima. Segundo dados da BM&F, o volume financeiro ficou em torno de 1,1 bilhão de dólares.
"O mercado aproveitou a queda para recomprar (dólares)", disse o operador de um importante banco nacional, ressaltando que, apesar da perspectiva de mudança na política econômica, a deterioração dos fundamentos macroeconômicos brasileiros sustenta a cautela dos investidores.
Na sessão de sexta-feira, a divisa norte-americana recuou pouco mais de 2 por cento, animada por notícias de que a equipe econômica será composta por Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini. A trinca agradou o mercado e, segundo operadores, indica que a presidente Dilma reconhece a necessidade de mudança na política econômica.
A expectativa era que o anúncio --com Levy no Ministério da Fazenda, Barbosa no Ministério do Planejamento e Tombini no Banco Central-- acontecesse na própria sexta-feira, mas isso não se confirmou. Duas fontes do governo disseram à Reuters que o governo decidiu esperar a aprovação no Congresso do projeto de lei que amplia o abatimento da meta de superávit primário neste ano.
O dólar chegou a ampliar essas perdas no início da sessão desta segunda-feira, mas reverteu o movimento no início da manhã e firmou-se em alta durante todo o resto do dia.
"O dólar vai ter dificuldade para cair muito mais até que a equipe (econômica) seja efetivamente confirmada ou que haja mais detalhes sobre quais medidas vão ser adotadas", disse o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold.
Agentes financeiros criticam a atual política econômica por, segundo eles, contribuir para gerar inflação alta e crescimento baixo. Segundo analistas, também não ajudou o ânimo o déficit de conta corrente recorde para outubro, anunciado no fim da manhã.
"O déficit em conta corrente muito forte acabou enfraquecendo o real hoje, porque sugere que (dólares) estão fugindo do país devido a exportações menores", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, em sua atuação diária no mercado de câmbio. Foram vendidos 2,7 mil contratos para 1º de junho e 1,3 mil para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a 197,7 milhões de dólares.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta integral de até 14 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 1º de dezembro, equivalentes a 9,831 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 75 por cento do lote total.