Por Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) - A campanha não ocorrerá do porão desta vez. À medida que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para uma dura batalha pela reeleição, as realidades da corrida presidencial de 2024 e as diferenças com a de 2020, no auge da pandemia de coronavírus, criam novos desafios para ele.
Biden, um democrata, diz que concorrerá novamente e está considerando um anúncio formal por vídeo já na terça-feira.
Em 2020, Biden se manteve discreto, conforme a disseminação da Covid-19 causava estragos em grande parte dos aspectos da vida norte-americana, incluindo a campanha eleitoral que o colocou contra o então presidente republicano Donald Trump.
Trump ainda falava em grandes comícios, mas Biden fez maior parte de sua campanha virtualmente a partir do porão de sua casa em Wilmington, Delaware, evitando multidões para não propagar a doença e reduzir seu próprio risco de contrair o vírus.
Isso mudará desta vez. A aversão a eventos públicos, grandes e pequenos, provavelmente será substituída por tradicionais paradas de campanha em lanchonetes, fábricas e salões sindicais com apertos de mão, selfies e multidões.
A convenção democrata em Chicago será presencial, em vez de online, e Biden, que aos 80 anos já é o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, terá seu trabalho diário a fazer enquanto defende mais quatro anos no cargo.
Biden derrotou Trump em 2020 ao vencer o Colégio Eleitoral por 306 a 232, ganhando os Estados decisivos da Pensilvânia e Geórgia, e superou Trump em mais de 7 milhões de votos nacionalmente, obtendo 51,3% do voto popular contra 46,8% do lado republicano.
FATOR IDADE
Os republicanos observarão atentamente a agenda de Biden para qualquer sinal de redução para sugerir que a idade tornou Biden menos apto para a campanha eleitoral e para a Casa Branca.
A resposta de Biden às preocupações sobre sua idade e sua candidatura à reeleição tem sido dizer "me observem", e a Casa Branca aponta para seu histórico de realizações legislativas como sinal de sua eficácia.
Trump, favorito para a indicação republicana, tem 76 anos.
CAMPANHA REINVENTADA
Os assessores da campanha de Biden reinventaram sua campanha de 2020 à medida que a Covid-19 se espalhava pelo país.
Algumas das inovações foram consideradas um sucesso, incluindo arrecadações de fundos de forma virtual repletas de estrelas sem a necessidade de viagens caras.
Mas outras mudanças foram mais controversas, incluindo uma proibição de meses no uso da prática de "bater de porta em porta" por voluntários de campanha, além das aparições regulares de Biden no porão de sua casa, que viraram meme para os eleitores de direita.
PREOCUPAÇÕES DE RECESSÃO
Biden assumiu o cargo em janeiro de 2021, logo quando as vacinas contra Covid estavam sendo lançadas, e as condições econômicas gradualmente se normalizaram durante seu mandato inicial após o choque dos fechamentos em todo o país. Os Estados Unidos agora possuem 3,2 milhões de empregos em relação ao pico pré-pandemia.
Mas os norte-americanos estão preocupados com uma possível recessão, e Biden pode sofrer por estar do lado errado do ciclo econômico que segue para 2024, com o desemprego provavelmente aumentando à medida que o crescimento desacelera, as taxas de juros permanecem altas e a inflação potencialmente ronda acima dos níveis anteriores à pandemia.
(Por Jeff Mason; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt, Steve Holland, Howard Schneider e Andrea Shalal)