Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou nesta quarta-feira que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária e voltou a assinalar que o comportamento do câmbio está descolado da percepção de risco ligada ao país.
As mensagens constam em apresentação divulgada pelo BC por ocasião de sua participação em conferência do Santander (SA:SANB11) em Cancun, no México.
Na apresentação, Campos Neto também repetiu que os próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom) continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.
A primeira reunião do ano do Copom será nos dias 4 e 5 de fevereiro.
Atualmente, os juros básicos estão na mínima histórica de 4,50%, e economistas consultados pelo BC na mais recente pesquisa Focus preveem um corte de 0,25 ponto na Selic no mês que vem, em meio ao ambiente de inflação controlada e atividade econômica sem ímpeto.
Sobre a economia, Campos Neto avaliou na apresentação que o corte de gastos promovido pelo governo não tem impedido a recuperação, com o setor de construção aparecendo como destaque na retomada.
Já em relação ao câmbio, a apresentação listou entre os eventos que afetaram o comportamento do real do início de novembro ao início de dezembro o resultado do leilão de petróleo da cessão onerosa, o ambiente de turbulência na América Latina e a revisão dos dados divulgados pelo Brasil para a balança comercial.
Diferentemente de outras vezes no passado, Campos Neto sinalizou no documento que o avanço do dólar frente ao real caminhou na contramão do risco ligado ao país.
Ele pontuou ainda que o custo de proteção contra calote da dívida brasileira, medido por Credit Default Swaps (CDS) ficou numa média de 178 pontos-base quando o país detinha grau de investimento, estando agora abaixo desse patamar apesar de o país não mais deter o selo de bom pagador.
O CDS de cinco anos fechou a terça-feira em 101,08 pontos-base.