Brasília, 8 ago (EFE).- O Brasil e o Canadá criaram um fórum de altos executivos (CEOs) para ajudar os Governos a identificar novas oportunidades de negócios e aumentar o comércio bilateral, anunciaram nesta segunda-feira em Brasília a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper.
"Tenho certeza que este mecanismo contribuirá na identificação de novas oportunidades de comércio e investimento, que atualmente estão concentrados nos setores agrícola, energia e serviços", afirmou Dilma no discurso que pronunciou após a reunião que teve nesta segunda-feira com Harper em Brasília.
A governante brasileira declarou que, além de ampliar para outros setores os negócios entre dois dos maiores países das Américas, espera que o fórum contribua para aumentar o investimento canadense no Brasil.
"Espero que o estoque do investimento do Canadá no Brasil, atualmente próximo de US$ 9,7 bilhões, possa ser comparado em breve com o investimento do Brasil no Canadá, de US$ 21 bilhões, que é o maior estoque brasileiro de investimento no exterior", afirmou.
Segundo Dilma, esses números mostram as "grandes possibilidades de crescimento" dos negócios bilaterais.
"O fórum de empreendedores dos dois países nos ajudará a melhorar e aumentar as relações comerciais", declarou o primeiro-ministro canadense, que iniciou nesta segunda-feira uma visita oficial de dois dias ao Brasil.
A presidente brasileira antecipou que o diretor para o país do fórum de altos executivos Brasil-Canadá será o presidente da mineradora Vale, Murilo Ferreira.
A Vale, a maior exportadora brasileira e uma das maiores mundiais, é a principal responsável pelo elevado investimento do Brasil no Canadá devido ao fato de em 2006 ter pago US$ 13 bilhões pelo controle do canadense Inco, a primeira produtora de níquel do mundo.
Dilma destacou o potencial do crescimento do comércio entre dois dos países que estão entre os maiores produtores mundiais de alimentos, minerais e energias renováveis.
A troca comercial de ambos os países no ano passado foi de perto de US$ 5 bilhões, dos quais US$ 2,3 bilhões em exportações brasileiras.
Além do fórum de altos executivos, os dois países decidiram instituir um mecanismo político de cooperação para melhorar o diálogo estratégico tanto sobre os problemas bilaterais quanto dos regionais e globais.
"Por intermédio dos ministros das Relações Exteriores nos comprometemos a manter diálogo bilateral para buscar nossos objetivos comuns", disse o primeiro-ministro do Canadá.
A presidente brasileira e o primeiro-ministro canadense assinaram nesta segunda-feira acordos sobre transportes aéreos, previdência social, ajuda internacional a terceiros países e ciência e tecnologia.
"Queremos que nosso esforço conjunto possa beneficiar outros países, como Haiti, e os do Chifre da África", afirmou Dilma.
Outro dos acordos comprometeu o Canadá a transferir sua experiência ao Brasil na organização de grandes eventos esportivos, já que o país será a sede da Copa do Mundo do Brasil de 2014 e dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
"Também queremos novas frentes de cooperação na área espacial, com o possível desenvolvimento de satélites e de mecanismos de vigilância meteorológica", segundo Dilma.
Tanto Dilma quanto Harper manifestaram seu desejo de um rápido desenvolvimento das negociações para um acordo de livre-comércio entre Canadá e Mercosul, a união aduaneira que o Brasil compartilha com Argentina, Paraguai e Uruguai.
"Brasil tem grande importância para nossa estratégia de estabelecer vínculos mais estreitos, especialmente comerciais, com os países da América Latina", afirmou o primeiro-ministro canadense.
Harper, que concluirá nesta terça-feira em São Paulo sua visita ao Brasil, lidera uma delegação formada pelo ministro de Relações Exteriores, John Baird, o titular de Comércio Internacional, Edward Fast e a ministra para as Américas e Assuntos Consulares, Diane Ablonczy, entre outras autoridades, assim como por numerosos empresários.
A visita de Harper ao Brasil é a primeira etapa de uma viagem pela América Latina que inclui Colômbia, Honduras e Costa Rica. EFE