Por Howard Schneider e Jason Lange
WASHINGTON (Reuters) - A chair do Federal Reserve, Janet Yellen, sinalizou nesta quarta-feira para uma possível alta da taxa de juros pelo banco central dos Estados Unidos em dezembro, mas disse que a partir de então as taxas irão subir lentamente para sustentar a recuperação econômica norte-americana.
Em seus primeiros comentários públicos desde a reunião da semana passada do Fed, Yellen delineou o que agora parece ser o argumento central do BC norte-americano –que o desemprego baixo, o crescimento contínuo e a crença em um retorno em breve da inflação significam que o país está pronto para taxas de juros mais altas.
Os comentários levaram à queda das ações e à alta dos rendimentos dos títulos. Também levaram investidores a elevarem suas apostas para mais de 60 por cento em um aumento dos juros em dezembro, em sinal de que os mercados finalmente estão levando a linguagem do Fed a sério, após um período no qual as autoridades se sentiam frustradas pela dissonância entre seus prognósticos e as apostas dos mercados no tocante a seu provável curso de ação.
"O que o comitê tem esperado é que a economia vai continuar crescendo em um ritmo suficiente para gerar novas melhorias no mercado de trabalho e para fazer a inflação voltar à nossa meta de 2 por cento no médio prazo", afirmou Yellen durante uma audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados.
"Se as informações chegando apoiarem esta expectativa, nossa declaração indica que dezembro será uma possibilidade viva."
Agir mais cedo do que tarde, argumentou ela, irá permitir que o Fed adote uma abordagem gradual para novos aumentos, lenta o suficiente para fazer com que a habitação e outros mercados essenciais não sejam afetados pelo aumento dos juros.
"Agir no momento adequado --se os dados e a perspectiva justificarem tal ação-- é algo prudente para se fazer, porque seremos capazes de agir em um ritmo mais gradual e calculado."
"Faz bastante tempo que as taxas de juros estão em zero, mas os mercados e o público devem estar pensando na trajetória completa da política de juros ao longo do tempo. E a expectativa do comitê é que será uma trajetória muito gradual".
O Fed e a Yellen têm agora seis semanas para analisar os novos dados, debatê-los e decidir, durante seu encontro em 15 e 16 de dezembro, se acabam com a política de taxas de juros extremamente baixas, que entrou em vigor em resposta à crise econômica e à recessão de 2007 a 2009.
(Reportagem adicional de Jonathan Spicer e David Henry)