Por Luke Baker e Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Dois meses depois de doadores prometerem 5,4 bilhões de dólares para ajudar a reconstruir Gaza na esteira da guerra entre Israel e o Hamas, autoridades palestinas, da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outras entidades afirmam que mal chega a dois por cento o dinheiro já transferido.
A conferência do Cairo foi tida como um sucesso, já que o Qatar prometeu 1 bilhão de dólares, a Arábia Saudita 500 milhões de dólares e os Estados Unidos e a União Europeia em conjunto outros 780 milhões de dólares em várias formas de assistência.
Metade disso era esperado para reerguer casas e a infraestrutura de Gaza destruídas durante as sete semanas de combates, e o resto para fortalecer o orçamento palestino.
Mas do total, só algo em torno de 100 milhões de dólares foi recebido, de acordo com funcionários da ONU e outros.
Embora a UE e os EUA tenham acelerado o envio de parte dos fundos já canalizados, muito poucas novas promessas se concretizaram.
"Recebemos financiamento e promessas de aproximadamente 100 milhões de dólares para abrigos e reparos", disse Robert Turner, diretor de operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados (UNRWA, na sigla em inglês) em Gaza.
"Grande parte deste dinheiro terá acabado em janeiro de 2015. Temos uma carência (para abrigos e lares) de 620 milhões de dólares e iremos ficar sem dinheiro logo na parte mais dura do inverno."
Os detalhes do comprometimento dos doadores muitas vezes são difíceis de entender, já que a cifra divulgada frequentemente inclui valores separados anteriormente mas ainda não liberados.
Embora seja este o caso de alguns fundos para Gaza, particularmente da UE e dos EUA, os Estados árabes na sua maioria assumiram novos compromissos para ajudar. As autoridades disseram que eles foram os que menos cumpriram o combinado.
"Os países árabes não pagaram nada até agora", afirmou Mufeed al-Hasayna, ministro palestina da Habitação, este mês. "Os europeus só alguns milhões, talvez algo dos suecos".
Também é difícil transferir dinheiro para Gaza pelo fato de o grupo islâmico Hamas controlar o território. O dinheiro deveria ir para a Autoridade Palestina, da Cisjordânia, apoiada pelo Ocidente, que planeja retomar a responsabilidade em Gaza e administrar o dinheiro, mas isso ainda não ocorreu.