Com Powell, Ibovespa sobe 2,57% e se reaproxima dos 138 mil pontos

Publicado 22.08.2025, 14:56
Atualizado 22.08.2025, 18:10
© Reuters.  Com Powell, Ibovespa sobe 2,57% e se reaproxima dos 138 mil pontos

Nos ombros do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em discurso de tom suave em Jackson Hole (EUA) que fez reviver a expectativa de corte de juros na maior economia do mundo já em setembro, o Ibovespa tomou o elevador, em alta de mais de 2% que o reaproximou dos 138 mil pontos no fechamento desta sexta-feira, 22.

Na máxima do dia, o índice da B3 (BVMF:B3SA3) foi aos 138.071,55 pontos, saindo de abertura aos 134.511,49 pontos correspondente à mínima da sessão. O giro financeiro - que havia ficado na faixa de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões nos dois dias anteriores, em meio à cautela que precedia o pronunciamento de Powell no evento anual do Fed - teve também recuperação nesta última sessão da semana, a R$ 23,0 bilhões.

O Ibovespa acumulou ganho de 1,19% na semana, sucedendo outros dois avanços semanais, de 0,31% e 2,62%, que colocam a alta de agosto, até aqui, a 3,68%. No ano, o índice da B3 sobe 14,70%.

No fechamento desta sexta, o Ibovespa marcava 2,57% de alta na sessão, aos 137.968,15 pontos. Foi o maior ganho em porcentual para o Ibovespa desde 9 de abril (+3,12%), em semana que havia começado mal, agora, com um mergulho de 2,10% na terça-feira, no que foi o maior tombo para o Ibovespa desde 4 de abril.

"Os Estados Unidos sinalizarem corte de juros para breve é um estímulo, lembrando que o Ibovespa já demonstrava resiliência acima dos 130 mil pontos mesmo com toda incerteza institucional em torno da disputa entre Brasil e EUA. Surpresas positivas na temporada de resultados corporativos no Brasil justificam essa resiliência. E agora veio uma quebra no ciclo de notícias ruins, o que engata essa alta forte do Ibovespa", diz Felipe Moura, gestor de portfólio e sócio da Finacap Investimentos. Ele acrescenta que há também em curso um "rebalanceamento" na renda variável, que favorece emergentes como o Brasil. "Há fluxo de rebalanceamento que continua a chegar dos Estados Unidos em busca de mercados mais descontados."

As ações de commodities e bancos, consideradas o prato principal do interesse estrangeiro na B3, avançaram com força e em bloco nesta sexta-feira, com ganhos acima de 2% para Vale (BVMF:VALE3) (ON +2,51%), Petrobras (BVMF:PETR4) (ON +3,03%, PN +2,63%, ambas nas máximas do dia no fechamento) e Itaú (BVMF:ITUB4) (PN +2,80%), e acima de 4% em BB (BVMF:BBAS3) ON (+4,11%), um dos papéis que mais haviam sofrido com a recente deliberação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a não aplicabilidade imediata da Lei Magnitsky, contra o ministro Alexandre de Moraes, no Brasil - uma decisão que elevou a tensão, nesta semana, na já conturbada relação diplomática e comercial entre Brasil e Estados Unidos.

Dessa forma, nenhum dos 84 componentes da carteira Ibovespa fechou o dia em terreno negativo. Na ponta ganhadora do índice, destaque para Natura (BVMF:NATU3) (+8,29%), Cogna (BVMF:COGN3) (+7,72%) e Minerva (BVMF:BEEF3) (+7,08%).

"Em sua fala, Powell destacou hoje que o cenário-base atual e a mudança no balanço de riscos podem justificar um ajuste na política monetária. A declaração foi emblemática, pois abre espaço para um possível corte de juros já na reunião de setembro do Fed. A expectativa majoritária do mercado, atualmente, é justamente nessa direção", diz Lucas Carvalho, head de Research da Toro Investimentos.

"A fala do dirigente do Fed veio no sentido de sinalizar a possibilidade de corte de juros já em setembro, com base na taxa de desemprego que estaria se distanciando do nível de equilíbrio - o que exige atenção mais imediata. Em seu discurso, destacou que será necessário revisitar a política monetária, mas sem descartar o risco inflacionário", observa Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. "O ponto central é que, desde março e abril, o Fed tem tratado o impacto das tarifas como algo pontual, buscando afastar a percepção de que haverá consequências inflacionárias duradouras", acrescenta Cruz.

Conforme aponta o estrategista, "no curto prazo, pode haver choques em alguns itens de forma escalonada, em setembro, outubro ou até janeiro, mas a interpretação é de que não haverá uma pressão que desancore as expectativas de inflação".

Para Bruna Centeno, economista e advisor da Blue3 Investimentos, o Ibovespa acompanhou a alta de Nova York na sessão, com a curva de juros doméstica oscilando para baixo - durante o pregão, o mercado local passou a precificar, inclusive, a possibilidade de que o início do ciclo de cortes da Selic possa vir a ser antecipado pelo Copom, do primeiro trimestre de 2026 para dezembro de 2025, na medida em que o Fed, de fato, venha a concretizar a redução de juros em setembro.

"Mesmo com toda a incerteza em torno da relação Brasil e Estados Unidos, há um movimento de rotação de ativos que beneficia o Brasil, particularmente notado hoje com o apetite a risco que se viu na sessão, desde o exterior", acrescenta Bruna, destacando a perspectiva de manutenção de fluxo estrangeiro para a Bolsa, considerando o viés de baixa, no curto prazo, para os juros dos EUA.

Apesar de novo ganho acumulado nesta semana, e do tom favorável de Powell, o mercado mostra pessimismo quanto ao desempenho das ações na B3 no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A expectativa de baixa para o Ibovespa, entre os participantes da pesquisa, saltou para 62,50%, de 37,50% na edição anterior, enquanto a de alta caiu de 37,50% para 25%. A previsão de estabilidade também recuou, de 25% para 12,50%.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.