Por Eduardo Simões
(Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o combate à inflação dificultará se chegar a um crescimento econômico como o registrado no ano passado, ao mesmo tempo que disse reconhecer não ser possível um crescimento sustentado sem controlar a elevação dos preços.
"O Brasil voltou a crescer. Após uma retração de 4,1% em 2020, uma das mais moderadas entre todos os países atingidos pela pandemia, nossa economia cresceu 4,6% em 2021", disse Bolsonaro em pronunciamento gravado para um fórum empresarial realizado nos Emirados Árabes Unidos.
"A necessidade de controlar a inflação nos dificulta alcançar o mesmo resultado este ano. Sabemos que não há crescimento sustentado sem pleno controle da inflação. Estamos trabalhando com a cautela necessária para garantir a continuidade do crescimento ao longo dos próximos anos."
A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2021 em 10,06%, quase o dobro do teto da meta e no nível mais elevado em seis anos, segundo dados do IBGE, e tem persistido nos primeiros meses de 2022 --chegando a acumular alta de 10,5% em 12 meses ao final de fevereiro.
Este cenário tem levado o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a elevar a taxa básica de juros do país. Na semana passada, o BC aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, ao patamar de 11,75% ao ano. Ao tomar a decisão, o BC informou que deverá fazer novo ajuste de 1 ponto na Selic na próxima reunião em maio.
Segundo dados do Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa de economistas consultados pela autoridade monetária é de que a taxa básica de juros termine este ano em 13% ao ano, ao passo que a estimativa para o IPCA é de 6,59%, o que superaria com força a meta oficial deste ano, de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. Já a expectativa de expansão da economia está em apenas 0,5%.
Em seu pronunciamento, Bolsonaro também se disse comprometido com a abertura econômica e garantiu que não haverá excesso de gastos em seu governo. Aproveitou ainda para afirmar que sua gestão cumprirá compromissos na área ambiental.
"Estamos determinados em seguir o caminho do desenvolvimento sustentável e em cumprir integralmente os nossos compromissos internacionais de redução de emissões e de eliminação do desmatamento ilegal", afirmou.