SÃO PAULO (Reuters) - Apesar do agravamento da pandemia no Brasil, o consumo de energia se manteve em alta, com "impacto limitado" até o momento mesmo após novas restrições adotadas por governos e prefeituras para conter a disseminação do coronavírus, disse a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta quinta-feira.
A demanda por eletricidade em março, de 66.650 megawatts médios, foi 5,5% superior à registrada no mesmo período do ano passado, com avanço na comparação anual registrado em 19 Estados e no Distrito Federal, acrescentou a CCEE.
Esse desempenho foi superior à recuperação registrada no mês passado em outros países duramente atingidos pela Covid-19, como Espanha (+5,1%), Estados Unidos (+0,6%) e Reino Unido (-0,3%), embora Itália e França tenham visto desempenho melhor, com altas de 12,2% e 6,2% no consumo, ainda segundo a instituição.
"Esse incremento, tanto em março quanto na análise dos números referentes ao primeiro trimestre do ano, indica uma curva de aprendizagem em relação à pandemia e mostra que vários setores da economia conseguiram manter sua operação ainda que diante de regras mais rígidas que aquelas adotadas no ano passado", disse em nota o presidente da CCEE, Rui Altieri.
A CCEE apontou saltos de dois dígitos em março no consumo de eletricidade no Rio de Janeiro (+14,1%) e Santa Catarina (+10,5%), além de significativos incrementos no Pará (+9%), São Paulo (+7,9%), Bahia (+7,3%) e outros Estados.
No lado negativo, destacaram-se Rio Grande do Sul, com recuo de 10,9%, e Amazonas, com retração de 9,5%, além de Rondônia (-8%), Acre (-5,9%) e Paraíba (-0,6%).
Se considerado o consumo de energia no primeiro trimestre, houve aumento de 3,7% na comparação com o mesmo período de 2020, segundo os dados da CCEE.
A maior demanda tem sido vista principalmente no chamado mercado livre de energia, onde empresas com maior consumo negociam diretamente contratos de suprimento com geradores e comercializadoras.
A CCEE disse que o consumo saltou 11,5% no mercado livre entre janeiro e março, enquanto avançou apenas 0,3% no mercado regulado, onde são atendidos clientes residenciais e pequenas e médias empresas, principalmente.
Entre os setores que atuam no mercado livre elétrico, as maiores altas no consumo no primeiro trimestre foram identificadas por companhias de saneamento (+34,7%) e pelo comércio (+26,7), além da área têxtil (+24,5%) e os segmentos de veículos (+22,1%) e manufatura (+22%).
(Por Luciano Costa)