Rio de Janeiro, 30 jun (EFE).- O setor público registrou em maio um déficit primário de R$ 11,04 bilhões, o pior resultado para este mês nos últimos 12 anos, informou nesta segunda-feira o Banco Central.
O Brasil não tinha registrado um déficit primário em um mês de maio desde dezembro de 2001, quando o indicador começou a ser medido com os atuais critérios. O pior resultado para o mês era o de maio de 2010, quando o país obteve um superávit de R$ 487 milhões.
O resultado primário nas contas públicas é a diferença entre os ingressos e as despesas do governo central, das administrações regionais e das empresas estatais sem levar em conta os recursos destinados ao pagamento de juros de dívida.
De acordo com o Banco Central, o resultado decepcionante do mês passado foi provocado principalmente pela queda da arrecadação de impostos como consequência da estagnação no crescimento econômico e as várias isenções que o governo concedeu para favorecer alguns setores em crise.
Após o resultado de maio, o Brasil acumulou nos primeiros cinco meses do ano um superávit primário em suas contas públicas de R$ 31,4 bilhões, o segundo pior saldo para o período em 12 anos.
O superávit acumulado entre janeiro e maio de 2014 apenas superou o registrado no mesmo período de 2002, quando os ingressos públicos superaram as despesas em R$ 26 bilhões.
O saldo positivo acumulado nos cinco primeiros meses de 2014 apenas equivale a um terço da meta de superávit que o governo se impôs para todo este ano: R$ 99 bilhões.
O governo se impõe metas anuais de superávit fiscal para demonstrar seu compromisso com a responsabilidade nas contas públicas e garantir que cumprirá com o pagamento de sua dívida e dos juros gerados pela mesma.
O resultado até agora põe em dúvida se o governo alcançará a meta porque o superávit acumulado até maio equivale a 1,52% do Produto Interno Bruto (PIB) e o objetivo do Ministério da Fazenda é conseguir nos 12 meses do ano uma economia equivalente a 1,9% do PIB.
Em fevereiro, quando já tinha sido posta em dúvida o cumprimento da meta, o governo anunciou um corte em seu orçamento para este ano de R$ 44 bilhões.
O organismo emissor informou igualmente que entre janeiro e maio gastou R$ 101,5 bilhões no pagamento de juros de dívida, por isso que o setor público acumulou nos primeiros cinco meses do ano um déficit nominal (incluindo juros) de R$ 70 bilhões.
O déficit público nominal do Brasil nos cinco primeiros meses deste ano superou em 30,4% o do mesmo período de 2013.