Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A atividade do setor industrial brasileiro se deteriorou de forma acentuada em outubro, atingindo o nível mais fraco em 6 anos e meio, com forte queda da produção e do volume de novos pedidos segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgado nesta terça-feira.
O Markit informou que o PMI da indústria nacional caiu a 44,1 em outubro contra 47,0 em setembro, afastando-se ainda mais da marca de 50 que separa crescimento de contração.
"O setor industrial no Brasil deu uma guinada para o pior em outubro... O mais recente conjunto de dados do PMI também mostra a mais longa sequência de redução contínua na atividade desde a crise financeira global, destacando a magnitude do mal-estar econômico do Brasil", disse a economista do Markit Pollyanna De Lima.
O volume de produção caiu em outubro pelo nono mês seguido, o que representa a sequência de perdas mais longa desde a crise financeira global. A queda do mês passado aconteceu em decorrência da menor quantidade de pedidos recebidos e da situação econômica frágil, atingindo a taxa mais fraca desde março de 2009.
A entrada de novos pedidos também atingiu o ritmo mais fraco em seis anos e meio, pressionada principalmente pelo mercado interno, uma vez que aqueles pedidos provenientes do exterior cresceram de forma marginal.
Segundo o Markit, todos os três subsetores tiveram queda no volume de produção e de novos pedidos, sendo o pior desempenho verificado em bens intermediários.
Essa situação deixa os produtores brasileiros cautelosos sobre os custos, levando-os a cortar empregos em outubro na taxa mais forte em seis anos e meio também, com quedas nas três principais áreas do setor.
Os produtores continuaram a apontar que a valorização do dólar frente ao real contribui para o aumento dos custos, relatando altas nos preços dos insumos importados. Com isso, as fábricas subiram os preços dos bens finais, mas pela taxa mais fraca desde julho.
Em meio à recessão no país, crise política e confiança abalada, a indústria tem exercido um forte peso na economia brasileira, que se prolongará para o próximo ano na expectativa de especialistas.