Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - A indústria brasileira encerrou 2020 com aumentos nas vendas e na produção, dando sequência à recuperação dos danos causados pela pandemia de coronavírus, porém a um ritmo mais lento em dezembro na comparação com o mês anterior, de acordo com a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês).
O levantamento divulgado nesta segunda-feira pela IHS Markit mostrou que o PMI da indústria do Brasil caiu a 61,5 em dezembro, de 64,0 em novembro, índice que "ainda é consistente com um crescimento acentuado".
Leitura acima de 50 indica crescimento.
Em dezembro, as empresas aumentaram a produção para ampliar os estoques e atender à demanda crescente por novos negócios, mas isso aconteceu no ritmo mais fraco desde junho, segundo a IHS Markit.
"Os produtores brasileiros relataram outro surto de novos negócios em dezembro, com empresas elevando a produção, a taxa de emprego e a compra de insumos em uma corrida para reconstruir seus estoques de segurança e atender às necessidades atuais da demanda", destacou a diretora econômica da IHS Markit, Pollyanna De Lima.
Os novos pedidos aumentaram tanto no mercado doméstico quanto de exportação, mas o ritmo de expansão das vendas totais foi o mais fraco em cinco meses.
Ainda assim, esse cenário continuou ajudando no aumento das contratações na indústria pelo sexto mês seguido. Mas aqui a taxa também perdeu força, sendo a mais lenta desde julho.
Por outro lado, as compras de insumos em dezembro aconteceram da forma mais acentuada na história da pesquisa, embora os entrevistados tenham relatado dificuldade na obtenção dos principais materiais.
A escassez de matéria-prima e o real fraco foram citados como fatores para o aumento nos custos de insumos em dezembro, que foi repassado aos clientes. Em ambos os casos, as taxas de inflação enfraqueceram em relação a novembro, mas ainda ficaram entre as mais fortes na história da pesquisa.
O sentimento entre os empresários industriais permaneceu positivo em dezembro, com esperanças de que a pandemia de Covid-19 terminará e que a disponibilidade de matéria-prima irá melhorar, aumentando o otimismo em relação à perspectiva de produção do próximo ano.
"Projetando o futuro, as empresas se mostraram otimistas de que os níveis de produção aumentariam em 2021, mas as esperanças foram depositadas no fim da pandemia de COVID-19, na aprovação das reformas governamentais e em uma melhoria na disponibilidade de materiais", disse De Lima.