Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - A confiança do consumidor dos Estados Unidos caiu pelo segundo mês consecutivo em dezembro, refletindo a deterioração do mercado de trabalho em meio a novas restrições empresariais para desacelerar a pandemia, que ofuscavam a distribuição de uma vacina para a Covid-19.
O declínio na confiança para uma mínima em quatro meses, relatado pelo Conference Board nesta terça-feira, é a mais recente indicação de que a retomada econômica está perdendo força, também afetada por causa dos atrasos do Congresso dos EUA em aprovar outro pacote de resgate.
O governo norte-americano confirmou nesta terça-feira que a economia cresceu a um ritmo histórico no terceiro trimestre, aproveitando o apoio de mais de 3 trilhões de dólares em alívio pandêmico.
O Congresso aprovou na segunda-feira um estímulo fiscal adicional no valor de quase 900 bilhões de dólares, mas economistas disseram que isso é insuficiente e veio tarde demais para conter um inverno sombrio no Hemisfério Norte, com infecções por coronavírus e demissões crescentes.
O índice de confiança do consumidor do Conference Board caiu para 88,6 neste mês, uma mínima desde agosto, ante leitura de 92,9 em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria para 97,0 em dezembro. O índice estava em 132,6 em fevereiro. A data-limite para a pesquisa foi 14 de dezembro.
Desde então, duas vacinas foram aprovadas para uso no combate a doenças respiratórias, o que limitará, de acordo com economistas, ainda mais perdas na confiança do consumidor.
O índice de situação atual da pesquisa, com base na avaliação dos consumidores sobre as condições atuais do mercado de trabalho e empresas, caiu para uma leitura de 90,3 neste mês, de 105,9 em novembro. O índice de expectativas, com base nas perspectivas de curto prazo dos consumidores para renda, empresas e condições do mercado de trabalho, subiu para 87,5, ante leitura de 84,3 em novembro.
Os Estados Unidos estão lutando contra o ressurgimento de novos casos de coronavírus, com mais de 17,78 milhões de pessoas infectadas e mais de 317.800 mortos, de acordo com uma contagem de dados oficiais da Reuters. Os governos estaduais e locais voltaram a impor restrições às empresas, minando os gastos dos consumidores e desencadeando uma nova onda de demissões.
A parcela de consumidores que esperava aumento na renda subiu de 16,0% em novembro para 16,8% neste mês. A porção que antecipava queda caiu de 14,5% no mês passado para 14,3%.
Menos consumidores esperavam comprar casas e veículos motorizados nos próximos seis meses em relação à pesquisa de novembro. Mas mais consumidores planejam comprar aparelhos como geladeiras e televisores.
Isso sugere algum arrefecimento adiante para as moradias, setor que tem sido a estrela da recuperação. Um relatório separado da Associação Nacional de Corretores de Imóveis divulgado nesta terça-feira mostrou que as vendas de moradias usadas caíram 2,5% nos Estados Unidos, a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 6,69 milhões de unidades em novembro. A queda veio após cinco ganhos mensais consecutivos.
O mercado imobiliário está sendo impulsionado por taxas de juros em mínimas recordes, mas a alta dos preços das casas em meio à escassez de propriedades está afastando muitos compradores de primeira viagem.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA se recuperou a uma taxa anualizada de 33,4% no trimestre passado, disse o Departamento de Comércio dos EUA em sua terceira estimativa do PIB. O dado foi revisado em relação ao ritmo de 33,1% informado no mês passado. A taxa se seguiu a uma contração de 31,4% no trimestre de abril a junho, a mais profunda desde que o governo começou a manter registros, em 1947.
A economia continua 3,5% abaixo do nível do final de 2019.
Os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, lideraram a ampla recuperação no último trimestre. Mas o consumo parece ter arrefecido desde então, com as vendas no varejo caindo em outubro e novembro, já que a renda das famílias ficou sob pressão em meio ao fim de um subsídio semanal de auxílio-desemprego financiado pelo governo.
(Por Lucia Mutikani)
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447723))
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