Por David Milliken e Andy Bruce
LONDRES (Reuters) - O desempenho econômico do Reino Unido desde o início da pandemia de Covid-19 tem sido mais forte do que se pensava, com expansão mais rápida do que na Alemanha ou França, de acordo com revisões dos dados oficiais divulgados nesta sexta-feira.
A Agência de Estatísticas Nacionais disse que a economia do Reino Unido nos três meses até o final de junho de 2023 foi 1,8% maior do que no último trimestre de 2019, o último trimestre completo antes do início da pandemia de Covid-19.
Isso representou uma revisão para cima em relação à estimativa anterior mais recente da agência, de 11 de agosto, de que a economia ainda era 0,2% menor do que antes da pandemia, o que a colocou na parte inferior da tabela entre as principais economias avançadas.
Um aumento na estimativa do tamanho da economia britânica era amplamente esperado, depois que a agência publicou revisões preliminares em 1º de setembro sugerindo que a economia já era 0,6% maior do que seu tamanho pré-pandemia no último trimestre de 2021.
O desempenho econômico relativo do Reino Unido desde a pandemia e sua saída da União Europeia tem sido um foco de debate político, especialmente com a probabilidade de eleição nacional no próximo ano.
"Sabemos que a economia britânica se recuperou mais rapidamente da pandemia do que se pensava anteriormente e os dados divulgados hoje mais uma vez provam que os céticos estão errados", disse o ministro das Finanças, Jeremy Hunt.
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido de 1,8% durante o período excede o crescimento de 1,7% na França e de 0,2% na Alemanha, mas fica muito atrás da expansão de 6,1% observada nos Estados Unidos e também é mais fraco do que no Japão, Itália ou Canadá.
O crescimento recente tem sido fraco para os padrões históricos, e muitas famílias foram gravemente afetadas pelo aumento do custo de vida, que se acelerou após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022.
"Os dados (...) não mudam o quadro geral de que a economia ficou atrás de todos os outros países do G7, com exceção da Alemanha e da França, desde a pandemia. E isso antes que o impacto total das taxas de juros mais altas tenha sido sentido", disse Ruth Gregory, economista-chefe adjunta da Capital Economics.
O Banco da Inglaterra aumentou a taxa de juros 14 vezes desde dezembro de 2021 para domar a inflação crescente, antes de mantê-las inesperadamente na semana passada em um pico de 15 anos de 5,25%.
"Se a economia do Reino Unido estiver mais aquecida do que pensávamos, isso ajudaria a explicar parte da persistência da inflação e a rigidez do mercado de trabalho", disse Thomas Pugh, economista da empresa de contabilidade RSM UK.
Revisões generalizadas
No entanto, é improvável que os números desta sexta-feira sejam a palavra final sobre o assunto, já que outros países também estão revisando seus dados.
As revisões para cima se concentraram em 2020 e 2021, durante o pico da pandemia e imediatamente após.
O crescimento em 2021 foi revisado de 7,6% para 8,7%, enquanto o tamanho da retração histórica de 2020 foi reduzido de 11,0% para 10,4%, em linha com a orientação preliminar de 1º de setembro. O crescimento em 2022 foi revisado de 4,1% para 4,3%.
A agência disse que as revisões em 2020 e 2021 refletiram estimativas melhores do volume de estoques mantidos pelas empresas, bem como as margens obtidas pelos varejistas e os custos e a produção no setor de saúde.
O PIB britânico no segundo trimestre de 2023 foi confirmado como 0,2% superior ao do trimestre anterior, em linha com uma estimativa anterior, enquanto o crescimento do primeiro trimestre foi revisado de 0,1% para 0,3%.
"A economia foi um pouco mais resiliente no primeiro semestre deste ano do que pensávamos anteriormente. Mas outros indicadores sugerem que isso agora está desaparecendo", disse Gregory, da Capital, alertando que as taxas de juros mais altas correm o risco de levar a economia britânica à recessão.