Por Isabel Versiani
BRASÍLIA (Reuters) - Indicadores de maio e junho apontam uma melhora da atividade e da confiança no país, mas o horizonte ainda é de extrema incerteza, disse nesta sexta-feira a diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do Banco Central, Fernanda Nechio.
Em webinar da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil, Nechio afirmou que o primeiro choque de saúde não se exauriu ainda, o que pode gerar reversões em processos de abertura da economia.
"A gente vai ver uma melhora da economia, a gente está vendo já essa melhora dos indicadores, mas como isso vai proceder daqui para frente acho que tem uma incerteza bastante grande", disse.
"É natural que, quando religa-se a economia, você tenha um 'rebound' bastante expressivo inicialmente. A dúvida fica sobre a continuidade dessa recuperação e o quão monotônica ela vai ser ao longo do tempo, a gente não sabe exatamente se o V vai continuar por completo ou vai se estender por um período mais longo."
A diretora reiterou ainda os riscos apontados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para a trajetória da inflação. Do lado baixista, há o nível elevado de ociosidade e possibilidade de prolongamento da pandemia, com aumento de incertezas e de poupança precaucional.
Como riscos que podem elevar a inflação no horizonte relevante para a política monetária, ela citou políticas que piorem a trajetória fiscal de forma prolongada, frustrações com reformas e efeitos de programas de estímulo.