Por Ingrid Melander e Tassilo Hummel
PARIS (Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, cujas esperanças de conquistar um segundo mandato estão cada vez mais ameaçadas pela oposição, disse que a pandemia e seus erros o tornaram mais humilde e que ele aprendeu muito com eles.
Sua língua afiada, somada à sua abordagem "de cima para baixo" do poder, aborrece muitos eleitores e afeta sua popularidade, o que pode ser um obstáculo essencial à sua reeleição.
"Aprendi (com a pandemia) e estou mais sensível a algumas coisas do que era antes", disse Macron em uma entrevista transmitida na quarta-feira pelos canais TF1 e LCI TV, acrescentando que está claro que os hospitais da França, por exemplo, precisam de ajuda.
Embora pesquisas de opinião mostrem há tempos que Macron conquistaria um segundo mandato facilmente, isto agora não parece tão claro. Ele fez um esforço incomum na quarta-feira para dizer que aprendeu com os erros, por exemplo quando disse a um jovem desempregado de maneira abrupta que ele conseguiria um emprego se simplesmente atravessasse a rua e pedisse.
"Algumas vezes fui muito ríspido", disse Macron. "Percebi que não podemos mudar as coisas sem um respeito infinito por todos e cada um."
Ele acrescentou: "Será que cometi erros? Sim, muitos".
Embora ainda não tenha dito oficialmente que concorrerá à reeleição em abril e tenha voltado a driblar a questão, Macron iniciou de fato a campanha. Na entrevista, ele disse que está tão determinado quanto sempre a continuar reformando a França.
Macron, que foi ministro do presidente socialista François Hollande, concorreu na eleição passada como um forasteiro político que não era nem de esquerda, nem de direita.
Mas durante uma presidência abalada por tumultos sociais contra sua reforma econômica pró-empresariado, suas diretrizes guinaram para a direita, alienando alguns apoiadores da centro-esquerda.
Para vencer a reeleição, ele precisa reconquistar alguns deles, mas também conter a rival conservadora Valérie Pécresse, que pesquisas de opinião recentes mostram ter chance de chegar ao segundo turno e derrotá-lo.
Para convencer a centro-direita ou eleitores conservadores, ele insistiu que continuará com reformas, mesmo se sua reforma da Previdência não for tão drástica quanto se planejou inicialmente.
Mas para tranquilizar aqueles mais ao centro, ele rejeitou o rótulo de "presidente dos ricos" que alguns lhe atribuíram quando ele cortou um imposto sobre riquezas no início do mandato.
(Reportagem adicional de Richard Lough, Elizabeth Pineau, Tangi Salaun)