Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - Com a fraqueza da demanda, o setor industrial brasileiro reduziu a produção a um ritmo forte em novembro e cortou o número de funcionários à taxa mais rápida em mais de seis anos e meio, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta terça-feira.
O Markit informou que o PMI da indústria nacional caiu a 43,8 em novembro, contra 44,1 em outubro, permanecendo pelo 10º mês seguido abaixo da marca de 50 que separa contração de crescimento e na mínima de cerca de seis anos e meio.
"O PMI destacou uma deterioração acentuada das condições de negócios no setor como um todo", disse o Markit em nota, destacando que todos as três principais áreas da indústria registraram forte queda de produção.
O volume de novos pedidos recuou pelo 10º mês consecutivo em novembro devido à deterioração da demanda e à fragilidade da economia do país. Os novos negócios do exterior também registraram contração.
"O cenário para o setor é sombrio. A queda do emprego combinada com a alta de impostos, aumento dos custos de empréstimos e subsequente queda na receita vão aprofundar a contração do país", destacou a economista do Markit Pollyanna De Lima.
"Mesmo o câmbio mais fraco não está conseguindo elevar as encomendas do exterior. Os custos mais altos provam ter um impacto maior sobre as empresas, que têm dificuldades para competir a nível global em ambiente de demanda já fraca", completou.
Sem novos projetos, as indústrias vêm buscando reduzir os custos e por isso cortaram empregos no mês passado pelo nono mês seguido e no ritmo mais forte desde abril de 2009, afetando sobretudo o setor de bens de capital.
Em relação aos preços de insumos, os entrevistados relataram forte aumento citando o enfraquecimento do real e também impostos mais altos.
Buscando proteger as margens de lucro mesmo diante da crise econômica, as indústrias continuaram elevando os preços e a inflação dos preços cobrados chegou ao maior nível em sete meses, com destaque para bens de consumo.
A produção industrial fechou o terceiro trimestre com recuo de 9,5 por cento sobre o mesmo período do ano anterior, segundo dados do IBGE, em meio à confiança abalada dos investidores diante da recessão econômica e crise política que assolam o país.
A indústria tem sido um dos principais pesos sobre a economia brasileira, e a fraqueza vai se prolongar para o próximo ano, segundo especialistas.