Por Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) - As condições do setor de serviços do Brasil se deterioraram com força e a atividade contraiu em abril pela primeira vez em sete meses, com piora da demanda externa, cortes de empregos e enfraquecimento do otimismo, segundo a pesquisa Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) divulgada nesta segunda-feira.
O PMI de serviços do Brasil apurado pelo IHS Markit caiu a 49,9 em abril, de 52,7 em março, indo abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração pela primeira vez em sete meses.
Com o ritmo de crescimento da indústria no nível mais fraco em seis meses em abril, o PMI Composto do Brasil caiu a 50,6, depois de ter atingido em março a máxima 13 meses de 53,1.[nL1N22B0AU]
"Os dados do PMI de serviços reforçam a mensagem de esfriamento da economia indicada pelos números de indústria", apontou a economista do IHS Markit Pollyanna De Lima.
Enquanto as empresas de serviços que citaram contração apontaram consumo fraco e políticas públicas favoráveis, as que indicaram crescimento mencionaram campanhas de marketing bem-sucedidas.
O aumento da quantidade de novos trabalhos perdeu força em abril, registrando o ritmo mais fraco desde outubro, depois de um pico de quase 11 anos e meio em março.
O mercado interno foi responsável pela recuperação nos totais de vendas no mês, e os novos pedidos para exportação registraram contração sólida e acelerada.
Em meio a tentativas contínuas de reduzir as despesas, os empresários do setor de serviços brasileiro demitiram funcionários em abril, na queda mais acentuada até agora no ano.
Isso diante de um cenário em que os preços de insumos aumentaram no ritmo mais rápido em cinco meses, com destaque para produtos alimentícios, combustíveis e aluguéis.
Os fornecedores de serviços aumentaram seus preços cobrados devido a tentativas de proteger as margens de lucro, mas a taxa de inflação se reduziu em relação a março, em meio a condições competitivas e tentativas de garantir encomendas.
Com isso, o otimismo em relação à atividade de negócios nos próximos 12 meses chegou ao nível mais baixo em 10 meses, com preocupações sobre políticas do governo, privatizações e falências.