RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego no Brasil recuou a 12,4 por cento no segundo trimestre, a terceira queda seguida, mas ainda marcada pelo aumento das ocupações informais e contínuo desalento das pessoas, em meio a um cenário de atividade econômica que vem perdendo ímpeto, mostrou a Pnad Contínua divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego estava em 12,7 por cento, segundo dados do IBGE. Ainda com a queda, o Brasil fechou o trimestre passado com quase 13 milhões de pessoas sem uma colocação.
No mesmo período do ano passado, o desemprego havia sido de 13 por cento. A expectativa em pesquisa da Reuters era de 12,6 por cento no segundo trimestre. <BRPNAD=ECI>
"Quem entra no mercado de trabalho hoje no Brasil é via informalidade. Ao se somar todas as parcelas informais, podemos dizer que cerca de 40 por cento da mão de obra hoje do mercado é informal. E isso vem só aumentando", disse à Reuters, Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa do IBGE.
Os trabalhadores brasileiros continuaram mostrando forte desânimo, desistindo de procurar recolocação, com 65,642 milhões de pessoas fora da força de trabalho, contra 64,868 milhões no trimestre até maio. Neste grupo entram os trabalhadores que desistiram de procurar uma colocação.
O número de desempregados no período alcançou 12,966 milhões, contra 13,413 milhões nos três meses até maio e 13,486 milhões no mesmo período de 2017. Já o número de pessoas ocupadas em junho chegou a 91,237 milhões, frente a 90,236 milhões um ano antes.
Neste cenário, o emprego formal continuou se deteriorando no segundo trimestre, somando 32,834 milhões de pessoas com carteira assinada, contra 33,331 milhões um ano antes, e marcando o menor volume deste no início da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012.
A pesquisa mostrou ainda que o rendimento médio do trabalhador chegou a 2.198 reais no trimestre passado, frente a 2.174 mil reais no mesmo período de 2017.
O mercado de trabalho vem mostrando dificuldade de recuperação diante do crescimento da economia que perde força, sobretudo após a greve dos caminhoneiros no final de maio, que afetou o abastecimento em todo o país.
Pesquisa Focus mais recente do Banco Central, que ouve cerca de uma centena de economistas todas as semanas, mostrou que as expectativas para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano estavam em 1,50 por cento, metade do que era esperado alguns meses antes.
(Por Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro, e Patrícia Duarte, em São Paulo)