Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A taxa de desemprego do Brasil subiu pelo segundo mês seguido e atingiu 5 por cento em agosto, mas manteve-se em níveis historicamente baixos, ao mesmo tempo em que a renda média da população voltou a subir às vésperas das eleições presidenciais.
Segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, a taxa de desemprego é a menor para agosto da série, iniciada em março de 2002.
Ainda assim, a taxa de agosto é a segunda maior do ano, repetindo o patamar de março e abaixo apenas de fevereiro (5,1 por cento). O resultado do mês passado ficou pouco acima de pesquisa da Reuters, cuja mediana apontou que a expectativa era de que a taxa de desemprego atingisse 4,9 por cento em agosto.
"Em agosto, houve geração de vagas, mas não foi significativa para absorver os desempregados", afirmou o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo. "O motivo é que a economia não está gerando postos de trabalho", acrescentou.
Ele destacou que o trabalho informal começa a apontar crescimento. O emprego sem carteira subiu 2,4 por cento em agosto sobre o mês anterior e o trabalho por conta própria aumentou 1,3 por cento, enquanto o emprego com carteira assinada aumentou apenas 0,7 por cento.
"É um mercado que até gera vagas, mas aumenta a fila da desocupação... Temos uma estabilidade (na taxa de desemprego)", completou Azeredo, para quem o aumento do trabalho informal agora pode estar relacionado com eleições e Copa do Mundo.
Após adiar a divulgação de dados por três vezes seguidas devido à greve de servidores, o IBGE mostrou ainda por meio da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) que a taxa de desemprego ficou em 4,9 por cento em maio, caindo a 4,8 por cento em junho e indo a 4,9 por cento em julho.
RENDIMENTO
Apesar de o desemprego ter oscilado um pouco para cima, o rendimento médio da população subiu 1,7 por cento em no mês passado sobre julho, voltando a crescer após duas quedas seguidas, chegando a 2.055,50 reais.
Na média do ano até agosto, o rendimento cresceu 2,8 por cento, sobre 1,5 por cento de janeiro a agosto de 2013. Mas, em iguais períodos de 2012 e 2011, as expansões haviam sido de 4 e 3,7 por cento, respectivamente.
O IBGE informou ainda que a população ocupada subiu 0,8 por cento em agosto na comparação com julho, para 23,139 milhões de pessoas, com queda de 0,4 por cento sobre um ano antes.
Já a população desocupada chegou a 1,221 milhão de pessoas, alta de 3,3 por cento ante julho, e recuo de 5,8 por cento sobre um ano antes. Os desocupados incluem tanto os empregados temporários dispensados quanto desempregados em busca de uma chance no mercado de trabalho.
O mercado de trabalho ainda favorável, apesar de mostrar sinais de perda de fôlego, tem sido uma das principais armas da presidente Dilma Rousseff (PT) na disputa pela reeleição em outubro, em meio à fraqueza da atividade econômica e inflação elevada.
Para especialistas, o mercado de trabalho no Brasil vai continuar mostrando condições mais apertadas, afetadas pelo mau desempenho da economia, que entrou em recessão no semestre passado.
"Vemos uma tendência de leve elevação (no desemprego) quando se elimina a sazonalidade. A fraqueza do nível de atividade deve limitar a expansão do emprego, mas ao mesmo tempo fazer com que as pessoas voltem a procurar vagas", disse o economista da Tendências Rafael Bacciotti, para quem a taxa média fecha 2014 em 4,8 por cento, subindo a 5 por cento no ano seguinte.
O IBGE trabalha para substituir a PME pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, mais abrangente. De acordo com o novo indicador, no primeiro trimestre deste ano a taxa média de desemprego do Brasil estava em 7,1 por cento.[nL1N0OK0WB]
A divulgação dos dados de desemprego da PME ocorre poucos dias depois de o IBGE ter informado que os resultados Pnad de 2013 continham erros, o que gerou críticas da oposição e do próprio governo em meio à disputada campanha eleitoral.[nE6N0RD008]