Alex Segura Lozano.
Washington, 15 out (EFE).- A região da América Latina e do Caribe sofrerá uma sensível desaceleração econômica neste ano, com um crescimento previsto de 0,2%, quatro décimos a menos que a previsão feita em julho pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), principalmente pelo desgaste das maiores economias: Brasil, México e Argentina.
Este crescimento próximo a zero, que também é influenciado pela crise na Venezuela e a instabilidade no Equador, está longe do 1% registrado em 2018. Em 2020, a economia latino-americana avançará 1,8%, segundo o FMI, cinco décimos abaixo do que foi calculado há quatro meses.
"Na América Latina, a atividade se desacelerou notavelmente no começo do ano nas economias maiores, refletindo principalmente fatores idiossincráticos. Agora, se espera um crescimento na região de 0,2% neste ano", afirma o FMI no relatório de Perspectivas Econômicas Globais.
Para a instituição, esta "considerável" revisão em baixa para 2019 se deve basicamente ao Brasil, citando problemas na oferta no setor de mineração no primeiro semestre, e ao México, onde o investimento segue "frágil" e o consumo privado se desacelerou pela incerteza política, a menor confiança e os maiores custos da dívida.
O FMI prevê que a economia brasileira crescerá 0,9% neste ano, um décimo a mais do que os cálculos de julho, e 2% em 2020, quatro décimos a menos. A queda é maior se comparada com a previsão de abril: 1,2 pontos a menos para este ano e 0,5 a menos para 2020.
Segundo o Fundo, a economia do México avançará 0,4% neste ano e 1,3% no próximo, cinco e seis décimas abaixo do estimado anteriormente, respectivamente.
O FMI espera que a economia da Argentina se contraia "ainda mais" em 2019 devido a uma menor confiança, uma maior instabilidade política e condições de financiamento externo mais restritas. Os novos cálculos do FMI indicam que a Argentina decrescerá 3,1% em 2019 e 1,3% em 2020.
Esses dados representam um alerta para as autoridades argentinas, já que o FMI tinha previsto que a contração neste ano seria de 1,7% para depois voltar aos números positivos em 2020, com um crescimento de 2,7%.
Por enquanto, a assistência financeira do FMI ao governo argentino, com um empréstimo total de US$ 56,3 bilhões, não teve o efeito esperado pela instituição, que espera que a Argentina alcance neste ano o equilíbrio fiscal primário.
Outro país da América Latina que recentemente recebeu um empréstimo da organização foi o Equador, que entrou em uma situação de instabilidade política após os primeiros ajustes determinados pelo governo do presidente Lenín Moreno para cumprir as expectativas do Fundo.
Nesse caso, o FMI acredita que a economia equatoriana se contrairá em 0,5% neste ano, mas que recuperará o índice positivo em 2020, com um avanço de 0,5%.
O pior cenário econômico foi novamente o da Venezuela. Segundo o FMI, a "profunda crise humanitária e a implosão econômica" continuam tendo "um impacto devastador na região", já que a economia venezuelana se reduzirá em aproximadamente um terço em 2019 (-35%).
Entre os aspectos positivos na América Latina se destacam as boas perspectivas de Peru, Chile, Colômbia e Bolívia, para os quais são esperados ritmos de crescimento anual superiores a 2,5% neste ano e no próximo, embora a maioria dos casos tenha passado por uma revisão em baixa.